A capital da Catalunha, que fica a uma hora e meia de avião de Lisboa, tem um clima ameno, praia e campo, passeios e lojas para todos os gostos e um ambiente cosmopolita. Os edifícios das zonas centrais, com um ambiente de boulevard do século XIX, são predominantemente art-nouveau, com os pormenores surpreendentes dos grandes arquitectos catalães.

Passeios e arquitectura

O urbanismo de Barcelona faz lembrar Paris, mas mais concentrado – logo, mais fácil de explorar – com uma arquitectura exuberante que nos faz parar constantemente para apreciar fachadas de conto de fadas. A malha urbana é rectangular, com grandes avenidas muito largas e o pormenor original dos edifícios nos cruzamentos serem cortados em diagonal (na época, a ideia era criar espaço para as carruagens pararem), o que dá espaço e luz e permite observar com mais recuo.

A arquitectura básica é de grandes edifícios sólidos e muito parisienses, pontuados com peças de art-nouveau flamejante em que abundam os azulejos policromáticos, cornichas, varandas e uma infinidade de pormenores surpreendentes. Os grandes arquitectos da época, com destaque para Gaudi e Cadafalch, competiam em criatividade e imaginação, apostados em transformar a baixa de Barcelona numa espécie de conto de fadas. Entre 1888 e 1931, dois períodos conhecidos como a Renascença e a Revolução, não havia limites para a estética superlativa.

La Pedrera
La Pedrera créditos: José Couto Nogueira

A partir da Plaça de Catalunya pode seguir-se em qualquer direcção, começando, por exemplo, pela La Rambla, sempre de nariz levantado para uma profusão de excentricidades cuja beleza não tem idade.

Há ainda muitos passeios que se podem fazer nos arredores de Barcelona, mas um deles é absolutamente indispensável: a abadia de Montserrat, localizada numa montanha de grande beleza. Ao longe vêem-se os Pirinéus e a abadia, não sendo muito antiga - foi reconstruída várias vezes - tem uma dignidade majestática.

Abadia de Montserrat
Abadia de Montserrat créditos: José Couto Nogueira

Monumentos e casas especiais

O monumento mais extraordinário, não só de Barcelona mas do mundo, é a Igreja da Sagrada Família. Começada em 1882, Gaudi trabalhou nela até à sua morte, em 1926, deixando-a longe de terminada. As obras prosseguiram irregularmente e agora entraram numa fase constante, estando previsto que será acabada em 2030. Mas não é preciso esperar, tal como está a igreja já é uma obra inigualável. Dar-lhe a volta por fora requer algumas horas, casa pormenor mais surpreendente que o anterior. Também se pode visitar, mas convém marcar uma visita guiada com antecedência, pois as filas são intermináveis. Aliás esta regra aplica-se a todos os monumentos e museus de Barcelona. Basta fazer uma pesquisa na Internet e reservar online.

Sagrada Família
Sagrada Família créditos: Pixabay

De Gaudi também é o Parc Güell, uma combinação indescritível de esculturas e terraços (que inclui a casa do arquitecto). É grande e cheio de escadas, reservar um dia para o ver – parte para subir e descer, o resto para descansar...

Também de Gaudi são outros edifícios icónicos, como La Pedrera e a Casa Batlló. Mas há muito mais edifícios a deslumbrar, como a Casa de les Punxes (Avinguda Diagonal, 420) do arquitecto Josep Puig I Cadafalch. Até tem uma loja de souvenirs, irresistível!

Casa Batlló
Casa Batlló créditos: José Couto Nogueira

Museus

São tantos e tão bons, que há que escolher, se a visita for mais curta do que uma semana. Para o histórico e clássico, o Museu Nacional d’Art de Catalunya é enorme e abrangente; tem peças medievais e de todos os períodos posteriores. O museu da Fundació Joan Miró (que era catalão) tem um acervo muito completo desse grande e original moderno. O edifício é uma obra de arte moderna. Picasso, que nasceu na Andaluzia, também está muito bem representado no museu que leva o seu nome, com vários períodos didacticamente explicados.

Museu Nacional d’Art de Catalunya
Museu Nacional d’Art de Catalunya créditos: Pixabay

Para algo igualmente actual, não deixe de visitar o Museu d’Art Contemporani. Outro edifício especial, de Richard Meyer – em Barcelona, a arquitectura é sem dúvida a mais bela das artes – tem um acervo internacional e uma série de espaços interactivos muito divertidos. É uma daqueles museus em que as crianças se sentem incluídas e podem brincar com os adultos.

O Palau de la Música Catalana, uma estravagância do arquitecto Lluís Domenech i Montaner, desenhado em 1908, vale pela visita e vale pelos concertos e espectáculos constantes. É só visitar o site e marcar com atecedência.

Aliás, convém não é por de mais insistir que todas as visitas em Barcelona devem ser reservadas com antecedência para evitar filas intermináveis e surpresas desagradáveis. A única coisa que não precisa de reserva é laurear pela cidade.

Restauração

Por toda a parte há simpáticas cafetarias e restaurantes onde se pode experimentar uma infinidade criativa de tapas e acepipes. Um dos nossos preferidos é o Vinitus Germà Petit, que fica no Carrer d'Aragó, 282, bem ao alcance dos passeios pelo centro. Mas pode-se arriscar noutros, que dificilmente se escolhe mal. Para uma refeição mais superlativa, é de ir ao El Nacional, uma antiga fábrica transformada com muito bom gosto num espaço de restauração com propostas variadas. Fica escondida num beco nas Ramblas.

Mercado La Boqueria
Mercado La Boqueria créditos: José Couto Nogueira

A capital da Catalunha é um luxo, fica muito perto – aproveite os voos para Barcelona* da TAP – e ficará com certeza como umas férias inesquecíveis. Só apetece voltar o mais depressa possível.

Texto: José Couto Nogueira

* Viagem sujeita a alterações, devido à política sanitária do país de destino