Ora, na curva de viagem que a nossa portuguesa (@beatrizccaetano) está a terminar em Costa Rica, não quero que fique nada perdido na narração destes episódios. É que está terminada uma temporada, pois vem aí nova aventura e que ‘foi produzida’ da noite para o dia, digamos assim. A Bia olhou para a chuva quente na ponta mais a sul de Costa Rica e decidiu: vou comprar uma viagem de ida para o México. De novo a nossa menina sem regresso, ainda, a Portugal. Avisou-me de imediato e deixou um desafio nos seus stories… estejam atentos que ela está a ficar muito ativa no instagram que se tornou (no caso dela) uma espécie de galerias de imagens e pistas de fuga à COVID-19. E qual a melhor forma? Viajar.
Quando recebo as fotografias troco beijos e saudades com ela, tudo muito rápido em fusos horários completamente distintos. Noto que ela está a ficar queimada pelo sol, apesar da chuva tropical dar poucas tréguas neste país que é considerado um dos mais ambicionados na América Central. Vejo também algo curioso nas fotografias dela e das pessoas com quem ali se vai cruzando e que são igualmente turistas deste mundo ocidental: parece ter desaparecido a sombra da crise que estamos a viver. Aliás desapareceu mesmo, pois pedi-lhe que me explicasse mais sobre viajar na coexistência com o vírus que já matou cerca de 3 milhões de pessoas no planeta. E a esperança surge nestes artigos, nesta viagem da portuguesa de mochila e de vida às costas… sem máscara. Em Costa Rica, exceto num dos desportos radicais que escolheu fazer, não sentiu o peso da COVID-19 e das medidas da etiqueta respiratória. Pelo contrário, ela respira nova vida, novo mundo.
Fiquei a pensar: estaremos nós no lado errado do mundo, o Ocidente ostentado e doente? Talvez, pois sobretudo nas “zonas mais remotas” como apelidou ela o Corcovado: nem os lojistas, nem os empregados de mesa utilizam máscaras. Os restaurantes seguros e livres desse medo. A isto ajuda certamente a experiência de ter estado entre as florestas húmidas (rain forest) e selvagens do Corcovado National Park que é o Parque Natural número 1 do planeta, segundo o National Geographic, quanto a biodiversidade. Ali existem 13 ecossistemas e a Bia animou-se, parece-me, com os macacos que comeram simpaticamente na sua mão. Pensem que de um lado está o agreste Pacífico que banha todas as florestas de Corcovado National Park, onde milhares de animais habitam. Onde crocodilos submergem e nos espreitam - ora, espreitem um pouco desta beleza na galeria de fotos acima.
Do outro lado está toda a imensidão de trilhas da floresta e a Bia atravessou árvores e decerto foi avistada por animais (nem todos se dão a conhecer, já pensou como é estar frente a frente com um puma?). Já agora recomendamos Leona ou Sirena Tour, sendo esta última a mais procurada por famílias, casais ou pessoas sozinhas em viagem. A Sirena tour envolve acampamento nas florestas e cerca de três dias a caminhar sem sentir tempo, nem ritmo. Tudo é alucinante. Muitos dos habitantes da floresta – os animais selvagens – esperam os turistas pois já estão habituados, mas a floresta é deles. Aliás é partilhada por eles e pelo Oceano Pacífico, numa espécie de ‘pacto’ telúrico. Ali lhe garanto – e a Beatriz também – que absorve uma energia que muda, para sempre, a sua vida. Desde as entranhas. E acontecem coisas incríveis com as plantas que parecem ter vida própria.
Acontecem outras coisas interessantes, como o caso da Bia ter reencontrado ali umas das “Joanas” que conheceu no aeroporto em San Jose, mal aportou em Costa Rica. Recordam-se do artigo inicial desta temporada? Havia duas Joanas, de diferentes países e que tinham também aterrado no mesmo dia em Costa Rica (estamos a rumar desde 27 de Janeiro, lembre-se!)… e qual a chance de (além de serem duas Joanas) reencontrar uma delas no silêncio do mundo: Corcovado. Nisto, tudo muda e a Beatriz informa-me em jeito de reportagem ‘vira-vidas’ (esta palavra saiu-me agora): “Está a chover outra vez…vou para o México”. Numa viagem bem económica a partir da desejada América Central, a Beatriz continua a sua viagem de fuga à COVID-19. Posso dizer-vos que já conheceu a temerosa Cidade do México. O que virá aí?
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