Por todo o mundo, existem pontes que 'lutam' para suportar o peso de centenas, por vezes milhares, de cadeados. Não há certezas se é o aço ou o próprio romance que causa todo este peso, mas o fenómeno dos cadeados do amor já faz parte dos rituais dos casais apaixonados que gostam de viajar.

É inegável dizer que se há cidade que é conhecida pela ponte do amor é Paris, mas e se lhe disséssemos que esta tradição começou numa pequena cidade sérvia, entre as cinzas de um amor negado?

A cidade chama-se Vrnjačka Banja e o ano era 1914. A Europa estava à beira de um conflito e os jovens homens de todos os Balcãs enfrentavam a perspetiva de lutarem numa guerra cujo caminho poderia ser apenas de ida. Um desses jovens soldados, com o nome de Relja, tinha outro motivo de força maior para não partir para a guerra. Essa razão era um amor, um amor chamado Nada.

Nada e Relja eram inseparáveis, afinal eram jovens e apaixonados. Ninguém duvidava da sinceridade do amor deles e, por isso, juraram paixão eterna e ficaram noivos. Porém, a vida pode ser uma amante cruel e os efeitos colaterais da bala de Gavrilo Princip - no assassinato de Franz Ferdinand em Sarajevo que, algumas semanas depois, levou à eclosão da Primeira Guerra Mundial - foram sentidos em todo o mundo. A Áustria declarou guerra à Sérvia e Relja não teve escolha senão vestir o uniforme e defender o país.

15 lugares no mundo para pendurar o cadeado do amor:

Nada viu o seu amado partir, ficando com o ‘coração na mão’, mas na esperança de que Relja sobrevivesse à guerra e voltasse para os braços dela. Ele nunca voltou…

Relja não morreu, apaixonou-se por outra rapariga em Corfu, Grécia, ao mesmo tempo lutava pela vida na guerra. Nada ficou de coração partido e caiu num sofrimento irreparável. Ela morreu jovem e sozinha.

As raparigas da cidade ficaram perturbadas com esta história de final trágico e apressaram-se por encontrar, elas próprias, o amor. As mulheres de Vrnjačka Banja compraram cadeados em massa, escrevendo rapidamente os seus nomes e dos namorados (alguns escolhidos à força) nas fechaduras, antes de anexá-los à ponte onde Nada e Rejla costumavam encontrar-se. As chaves foram lançadas ao rio, garantindo assim uma vida de fidelidade.

A história de Nada e Relja acabou por ficar esquecida no tempo, até que o poeta sérvio Desanka Maksimović trouxe o tema de novo com um poema chamado Molitva za ljubav (Oração pelo Amor). A história voltou a lembrar a importância da fidelidade e os jovens amantes da cidade voltaram a colocar cadeados naquela que viria a ser a Most Ljubavi (Ponte do Amor).

Most Ljubavi (Ponte do Amor), em Vrnjačka Banj
Most Ljubavi (Ponte do Amor), em Vrnjačka Banj Most Ljubavi (Ponte do Amor), em Vrnjačka Banj créditos: Portal oficial do turismo de Most Ljubavi (Ponte do Amor), em Vrnjačka Banj

Cidades por todo o mundo começaram a copiar esta tradição, mas lugares como Paris ou Barcelona foram forçados a remover os cadeados para preservar as pontes, iniciando-se um novo ciclo. O sul da Sérvia é uma terra de superstições, por isso os cadeados nunca foram removidos da Ponte do Amor. Há mais de 15 pontes em Vrnjačka Banja, mas aquela que cativou os corações de homens e mulheres em todo o mundo é única.

Se a história de Nada e Relja é verdadeira ninguém o sabe, certo é que a Primeira Guerra Mundial existiu e foi um conflito que separou muitos jovens apaixonados por todo o mundo. Os personagens desta história até podem ser ficcionais, mas as ruturas forçadas não o são.