Este mundo imaginário está pronto para ser visitado, a partir de sábado e todos os sábados, até aos Reis, no Mercado Municipal de Bragança, integrado no programa do evento “Bragança Terra Natal e de Sonhos”.
A paixão pelos legos contagiou em criança Fernando Pimparel, agora com 48 anos, que passou o entusiasmo à filha Maria João, de 12 anos, e que o juntou a Miguel Miranda, que aos 10 anos conquistou o título de “legoman”, tal é a coleção de peças.
Miguel já fez uma exposição no Museu Terras de Miranda, em Miranda do Douro. Pimparel já tinha recebido convites para expor as suas construções noutras zonas do país, mas resolveu esperar para se estrear na cidade natal, Bragança, e a oportunidade surgiu agora.
Os três foram convidados pela Câmara para mostrar as suas criações e, em duas semanas, instalaram apenas uma amostra do que têm acumulado.
Com quase 400 mil peças construíram uma cidade ideal, onde não falta nada, desde a livraria ao hospital, cabeleireira, cinema, shopping, o comboio que não há em Bragança, avião, espaços verdes, diversões.
Acrescentaram-lhe uma vila Natal com as atrações da quadra, onde sobressai a roda gigante, a preferida de Miguel que levou também réplicas de modelos de carros emblemáticos e dos edifícios mais conhecidos do mundo, desde a Casa Branca à Torre Eiffel.
Os animais e os bonecos “da cabeça quadrada” são os que Maria João mais gosta de construir, além de casas, a preferência também do pai Pimparel, que fotografa moradias reais para replicar em lego.
E é um edifício, que também está exposto, o preferido de Pimparel por uma questão sentimental. Construiu com legos a Casa do Trabalho de Bragança, a instituição para crianças e jovens que acolheu e onde trabalha há 25 anos.
Para quem vê estas construções, tudo parece pequeno, mas é de grandezas que são feitas estas obras daqueles que são os maiores colecionadores de legos de Bragança.
Horas incontáveis de trabalho com este brinquedo “dispendioso”, que não conseguem traduzir em investimento.
“Cada pecinha custa dez a 12 cêntimos”, contou à Lusa Pimparel, ao mesmo tempo que aponta para alguns exemplares desta exposição. Um comboio ficou em 120 euros, um hospital em 100 euros, o edifício do teatro em 150 euros, um barco 200 euros e numa moradia foram gastos quase 300 euros.
Entre todos, a expectativa é agora ver a reação da comunidade com quem decidiram partilhar esta paixão, que despertou cedo nos três.
Aos seis anos, a mãe ofereceu uma caixa de legos a Fernando Pimparel e, desde então, brinquedos ou presentes são “sempre lego, lego, lego”.
Continua a juntar peças e guarda as que recebeu desde criança “tudo bem cuidadinho”, em vitrinas, por causa do pó, num compartimento em casa exclusivamente para ter as peças expostas. As dele e as da filha, que cedo começou a fazer construções com o pai.
Não consegue precisar quantos legos tem. “Sei que tenho cerca de meio milhão de peças, a passar”, assegurou.
Começou a fazer por manuais e depois a transformar as peças naquilo que imagina. “Isso é o que é o interessante do lego: podermos fazer aquilo que a nossa imaginação nos permitir fazer”, sustentou.
“Nunca pensei ter assim tantos legos com esta idade e espero continuar”, diz Miguel, com a idade de 10 anos, que fez a primeira construção com dois.
Tudo começou numa espera hospitalar por uma cirurgia a que a mãe foi sujeita. Para passar o tempo, o pai comprou um lego num quiosque e o Miguel começou a montar.
Achou piada: “É divertido de construi e bonito de se ver”, afiança.
Tem muitos legos em casa. Não sabe quantos tem. “São muitos, que eu já perdi a conta”, resumiu.
“Esta vai ser a minha segunda, era o meu sonho fazer aqui (em Bragança) uma exposição com o Pimparel, que é o meu amigo”, contou à Lusa.
Nas construções não falta o pormenor, desde a mobília nas casas, aos motores nos automóveis ou a lancheira na bagagem para um piquenique.
Os legos são muito mais do que brinquedos, para Miguel. Para ele são amigos, uma família que espalhada por toda a casa. Além de ajudar “a melhorar o cérebro, a sonhar, os legos são divertidos”, garante.
Fonte: Lusa
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