O quadro “Descida da Cruz”, de Domingos Sequeira (1768-1837), passou a estar exposto no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, como anunciou no mês passado a Fundação Livraria Lello, proprietária da obra.
A exposição de longa duração do único museu nacional do Norte do país – distinguido pela Associação Portuguesa de Museologia como Museu do Ano em 2024 - é, assim, o primeiro destino do quadro adquirido pela Fundação Livraria Lello em março, depois de ser exposto no dia 18 de maio no Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos.
Aquando da assinatura de um memorando entre o Estado e a fundação, em março, o então presidente da empresa pública Museus e Monumentos de Portugal (MMP), Pedro Sobrado, disse que "o memorando significa que a obra regressa a Portugal num novo contexto, com o compromisso de que será exposta num ou vários museus nacionais, em articulação entre a Fundação Livraria Lello e a MMP".
A obra esteve envolta em polémica desde o final de 2023, quando a então Direção-Geral do Património Cultural decidiu autorizar a sua saída do país, contrariando pareceres de especialistas.
No dia 12 de março, o Governo anunciou a compra do quadro por um privado português, com vista a expô-lo num museu nacional, tendo mais tarde sido revelado que o proprietário tinha sido a Fundação Livraria Lello.
"Descida da Cruz", pintura sacra datada de 1827, faz parte de um grupo de quatro pinturas tardias de Domingos Sequeira, executadas em Roma, onde o artista morreu em 1837.
“A exposição de longa duração do Museu Nacional Soares dos Reis tem já patentes quatro óleos e um conjunto significativo de desenhos de Domingos Sequeira, pelo que a ‘Descida da Cruz’ ficará exposta na mesma sala, enriquecendo o acervo disponível. De resto, serão igualmente expostos desenhos preparatórios da obra, pertencentes ao acervo do Museu, alimentando um ‘diálogo’ entre a coleção do museu e este valioso novo depósito”, sublinhou o museu, num comunicado divulgado esta semana.
Domingos Sequeira é considerado o mais talentoso e original pintor português do seu tempo, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da arte portuguesa de início do século XIX, segundo os historiadores de arte.
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