O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, explicou que uma das missões desta instituição, que é a gestora do Património Mundial da UNESCO, passa pela monitorização das áreas, dos equilíbrios e evolução da vinha, floresta, espaço agrícola e até da extensão dos muros de xisto de pedra posta.

“Isso já foi feito de um modo manual, agora é feito com auxílio a drones e fotografia aérea, dados que depois são recolhidos pelos sistemas digitais. E estamos agora a lançar um projeto de utilização de informação satélite para ter uma visão ainda mais global e sistemática e poder monitorizar muito regularmente aquilo que está a acontecer” salientou António Cunha.

O objetivo passa por uma recolha de informação “mais rápida e mais fiável” e representa um passo “ao encontro do futuro”.

À agência Lusa o presidente da CCDR-N afirmou que “não há, neste momento, nenhum 'dossier' que provoque alguma preocupação” relativamente à classificação do Alto Douro Vinhateiro (ADV).

“O investimento no Douro certamente é bem-vindo e é preciso, mas será analisado caso a caso, de acordo com a sua importância e os objetivos com que estamos comprometidos e com o modelo de desenvolvimento que nós e as demais entidades envolvidas, nomeadamente os municípios, pretendem para o Douro” frisou.

Na sua opinião, no Douro "as palavras responsabilidade e serenidade devem ser as palavras-chave porque é um assunto que tem que ser tratado de um modo delicado, sem extremismo e sem exageros”.

“Absolutamente no respeito dos quadros legais vigentes e os compromissos internacionais que temos e a vontade indiscutível de preservar este património”, frisou.

Quanto a novas construções no Património Mundial referiu que estas têm que respeitar “a ideia de um Douro equilibrado”, porque este território é uma “obra do homem” que foi feita “com muita subtileza e equilíbrio”.

O programa das comemorações do Douro Património Mundial arranca hoje e inclui a realização de mais de uma centena de iniciativas até 14 de dezembro de 2022.

Trata-se de uma iniciativa da CCDR-N que agrega várias instituições que atuam no ADV, nomeadamente a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, a Direção Regional de Cultura, a Direção Regional de Agricultura e Pescas, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, a Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte, a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Museu do Douro e o Museu do Côa.

Para o responsável, a “evolução positiva da intervenção articulada dos poderes públicos no território do Douro Vinhateiro, nos últimos 20 anos, e em especial na última década, é a demonstração de uma nova cultura de trabalho, que substitui uma lógica solitária por uma malha efetiva de um coletivo”.

“Cultura de trabalho que aguarda aprofundamento, maturidade e consumação na reforma da regionalização, processo que tão felizmente voltou muito recentemente a entrar na agenda do país”, acrescentou.