Foto: Reconstrução de um artista do “espinossauro White Rock”. Por: Anthony Hutchings|Universidade de Southampton@AFP
A paleontologia deve esta preciosa descoberta a um colecionador local, o britânico Nick Chase, que passou a vida a percorrer as praias desta ilha do sul de Inglaterra, um dos locais mais ricos da Europa em fósseis de dinossauros.
Dos poucos ossos que desenterrou (principalmente vértebras cervicais, caudais e sacrais), os investigadores da Universidade de Southampton conseguiram identificar o animal, um espinossauro bípede. Este predador viveu no Cretáceo inferior, entre 145 milhões e 100 milhões de anos atrás.
"Era um animal gigantesco, com mais de 10 metros de comprimento. Tendo em conta algumas da suas dimensões, provavelmente representa o maior predador já descoberto na Europa", afirma Chris Barker, investigador de paleontologia que liderou o estudo publicado na revista Peer J.
Embora poucos ossos tenham sido desenterrados até à data, "os números não mentem: é maior do que o maior espécime já encontrado na Europa", disse à AFP.
Este poderoso carnívoro parece ser "ainda maior" do que outro dinossauro predador descoberto em Portugal, em 2017, confirmou Thomas Richard Holtz, paleontólogo da Universidade de Maryland, nos EUA, que não esteve envolvido no estudo.
"Como as garças"
Comparar tamanhos continua a ser difícil, porém, neste mundo extinto, lembra Matt Lamanna, especialista em dinossauros do Carnegie Museum of Natural History, que fica no estado americano da Pensilvânia.
E o maior dos espinossauros "provavelmente não era tão massivo" quanto o famoso Tyrannosaurus rex, ou o Giganotosaurus.
O "espinossauro de White Rock" (nomeado em homenagem ao local onde os ossos foram encontrados) é o nome que os cientistas esperam dar a uma nova espécie, que existiu naquela área ha cerca de 125 milhões de anos.
Acredita-se que seja o espécime mais jovem da família dos espinossauros encontrados na Grã Bretanha, incluindo o Baryonyx, um dos protagonistas da série de filmes "Jurassic Park".
Esta família é facilmente idenficada pela cabeça alongada, como a de um crocodilo, em oposição ao crânio quadrado do T-rex. Algumas teorias relacionam esta morfologia à sua forma de caça, tanto em terra como na água.
"Eram um pouco como cegonhas e garças, chapinhando e apanhando peixes na superfície", diz Chris Barker.
Os fósseis foram descobertos na costa sudoeste da ilha, numa formação geológica do tipo lagunar que revelou um estrato histórico até então desconhecido.
"Isto ajuda-nos a representar as condições de vida destes animais naquela época", acrescenta o investigador.
Nesta ilha, a equipa de investigadores já descobriu duas novas espécies de espinossauro, incluindo o Ceratosuchops inferodia, apelidado de “garça do inferno”.
A descoberta do predador "fortalece o nosso argumento de que esta família de dinossauro teve origem na Europa Ocidental e que se diversificou aí antes de se espalhar para outros lugares" do planeta, acrescentou o coautor do estudo, Darren Naish.
“A maioria destes fósseis extraordinários foi encontrada por Nick Chase, um dos caçadores de dinossauros mais habilidosos, que morreu pouco antes da pandemia da COVID-19”, disse Jeremy Lockwood, da Universidade de Porthmouth, também coautor do estudo.
O colecionador sempre doava os achados a museus, segundo os paleontólogos.
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