"A minha inspiração aconteceu no dia 12 de maio deste ano. Por coincidência e sem marcar, passei aqui [em Fátima], estava com a minha família, e assisti à Procissão das Velas. Aquilo tocou-me. Disse para mim próprio: ‘o brasileiro precisa de ver isto, precisa de sentir essa emoção incrível e única de estar na procissão", disse à agência Lusa o empresário Aroldo Schultz.

Daí à aposta em levar turistas brasileiros a Fátima aquando da visita do papa Francisco, em maio de 2017, foi um pequeno passo, mas o diretor-geral das Empresas Schultz, - grupo sediado em Curitiba, no sul do Brasil, que possui 43 bases comerciais naquele país sul-americano e abriu, recentemente, uma filial em Lisboa - viu-se confrontado com a falta de alojamento, lotado ou já acordado com outros operadores turísticos.

Sem se deter, Aroldo Schultz manteve a ideia de trazer a Portugal um grupo de cerca de 250 turistas brasileiros que, sem quartos em Fátima, irão ficar hospedados seis noites em Lisboa e viajar pelo país em autocarros, naquilo que o empresário define como uma ‘operação Disney' , numa alusão à visita a um parque de diversões.

"Será um grupo fechado, com muita regra, muita limitação, quase ao estilo militar. Vamos começar a nossa procissão em Lisboa, levantar cedo e deitar tarde", ilustrou.

O empresário garantiu ainda que o grupo janta em Fátima, na noite de 12 de maio - a noite da Procissão das Velas que o inspirou – e que, após as cerimónias religiosas, usufrui de uma "sopa na caneca", um caldo quente "para reconfortar o regresso" a Lisboa "e cada um leva a caneca de brinde".

A empresa de Aroldo Schultz aposta habitualmente num turismo "diferente do convencional", pequenos grupos, um máximo de sete viajantes por cada carrinha de nove lugares (chega a ter 10 em circulação em Portugal) mas, na ‘operação Disney', vai apostar em autocarros, que têm maior capacidade.

O empresário brasileiro garante que os seus compatriotas são "devotos, católicos e querem muito ir a Fátima", e que essa vontade registou um "imenso acréscimo" com o anúncio da visita do papa Francisco.

"Se houvesse lugar em aviões e hotéis, poderia pensar em ter algumas centenas [de turistas]. Sem o papa, já havia interesse, com o papa houve mais interesse ainda, mas, a partir de agora, a ideia é levar turistas para Fátima o ano inteiro", revelou.

Aroldo Schultz defende que Fátima é "muito mais" do que turismo religioso, até pela localização no centro do país, perto de localidades como a Nazaré, Coimbra ou Aveiro.

"Na visão de muitas turistas brasileiros está como uma cidade de passagem ou para ficar apenas uma noite, conhecer o Santuário e depois seguir viagem. Queremos mostrar que é possível ficar mais de uma noite, talvez duas, talvez três e conhecer a região em redor", alegou Aroldo Schultz.

"É um trabalho a longo prazo, a hotelaria está muito bem preparada, os custos não são elevados, a relação custo-benefício é muito boa e a nossa expectativa é mostrar um Portugal diferente aos brasileiros, sem depender tanto de Lisboa e Porto, que estão abarrotados de turistas o ano inteiro", acrescentou.