"Diva", uma escavação cimentada de seis metros de profundidade, foi projetada pela artista Juliana Notari e exigiu o trabalho de mais de vinte pessoas durante quase onze meses.
"Em 'Diva', utilizo a arte para dialogar com questões que remetem à problematização de género a partir de uma perspetiva feminina", explica Notari em um post no Facebook. "Atualmente essas questões têm se tornado cada vez mais urgentes", acrescenta.
A obra "pontua questões marcantes da poética da artista, que desde 2003 é atravessada pela anatomia feminina e busca provocar discussões em torno dos tabus sexuais impostos às mulheres", explica o comunicado de apresentação.
A criação surge em meio à onda conservadora vivida no Brasil, que levou o presidente Jair Bolsonaro ao poder, marcada por discussões polarizadas sobre questões de género, inclusão de minorias e direito ao aborto.
A publicação de Notari foi alvo de críticas e ridicularização. "E quem achar feio é fascista kkkkkkk ô meu deus... Se era quinze minutos de fama que você queria, conseguiu!", escreveu um utilizador no Facebook.
Outros aplaudiram a capacidade da artista de levar à reflexão. As reações "são espelho, um sucesso", escreveu no Twitter o cineasta Kleber Mendonça Filho ('Bacurau', 'Aquarius'), que comemorou a exibição da obra "em plenos anos Bolsonaro".
"É também uma ferida", definiu Notari, referindo-se à escavação que corta o terreno de uma antiga fábrica de açúcar no município de Água Preta, a 130 km da capital Recife.
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