No ano em que o Douro assinala 20 anos como Património Mundial da UNESCO, o território enche-se de turistas que se espalham pelos vários concelhos e as mais variadas propostas, desde as tradicionais quintas, os hotéis ou as unidades de alojamento local.
A casa na vila de Alijó, no distrito de Vila Real, era dos avós e Gabriela Moreira regressou a Portugal com o companheiro, depois de algum tempo emigrada em Inglaterra, para a recuperar e transformar numa unidade de alojamento local.
A Villa D'Uvale Douro resultou de uma “reabilitação profunda” e foram os próprios que, também, restauraram os móveis antigos da propriedade. Ela é engenheira civil e ele técnico das áreas da arquitetura e engenharia.
“Tem uma história familiar, muito carinho e amor e muito trabalho da nossa parte”, afirmou Gabriela Moreira à agência Lusa.
As obras foram feitas durante o período da pandemia de covid-19, o que atrasou a concretização do projeto devido à falta de mão-de-obra e de materiais, e a casa abriu as portas aos turistas em fevereiro deste ano.
“Sentíamos a partir do estrangeiro que o turismo em Portugal estava a correr muito bem e que cada vez havia mais turistas estrangeiros e portugueses a escolherem o nosso país para as férias, nomeadamente o Douro”, referiu.
Despediram-se dos empregos em Inglaterra e apostaram no novo projeto no Douro que tem cinco quartos, pode alojar até 10 pessoas e possui piscina. Este é, na sua opinião, um território que “tem muito potencial”.
“Tem corrido bastante bem, visto ser ainda um alojamento local relativamente novo na zona. Mas nós também apostamos bastante na divulgação a nível das redes sociais e das plataformas de marcação deste tipo de alojamento”, salientou.
Gabriela Moreira disse que os clientes têm chegado de Portugal, mas também do estrangeiro que “estão a retomar as viagens para o país” e que a taxa de ocupação tem “sido positiva”.
O alojamento local é uma alternativa aos hotéis e quintas do Douro.
“Há opções para todas as carteiras no Douro. O nosso enquadra-se no segmento mais médio e para quem gosta de um espaço mais familiar e de ter mais proximidade”, disse a empresária.
O Pouso dos Pousos abriu em maio, em Mesão Frio, também no distrito de Vila Real. A casa de alojamento local tem três quartos, uma piscina e terraço com vista sobre o rio Douro.
“Estávamos bastantes ansiosos por causa da pandemia de covid-19, mas superou as nossas expectativas”, afirmou Hélder Silva, que adiantou que, nos meses de julho, agosto e setembro, a taxa de ocupação "ronda os 95%".
As restrições foram sendo levantadas e os clientes são, acrescentou, portugueses e também estrangeiros, cuja procura aumentou em julho e agosto.
Hélder Silva referiu que os clientes procuram “casas completas”, onde também podem cozinhar, soluções que lhes proporcionam “mais independência” e, cada vez, mais preferem ficar “um pouco mais isoladas”.
“Pela covid ou não, acho que a procura modificou nesse sentido”, salientou, referindo que o alojamento local é uma tipologia que está em crescimento no Douro.
Agora, adiantou, as expectativas estão centradas nos meses de menor afluência de visitantes ao Douro, território onde ainda se sente a sazonalidade.
Três cunhados juntaram-se para desenvolver um projeto turístico cujo lema é a “cidade, serra e rio” e quer ligar Lamego, no distrito de Viseu, a serra das Meadas e o rio Douro. A empresa é a Sublime Douro e o primeiro passo foi dado esta semana com a abertura da casa de alojamento local “6/4 de Lamego”, com seis quartos e localizado junto à zona histórica.
“Somos durienses de gema, netos de agricultores que ajudaram a criar o Douro. Um dos sócios veio de propósito da Suíça, depois de 16 anos de emigração. Lamego é a nossa casa e, por mais voltas que demos ao mundo, é aqui que nos sentimos bem”, contou à Lusa o empresário Paulo Roque.
O Douro é, na sua opinião, um território em “expansão turística” que alia a paisagem classificada pela UNESCO à “boa gastronomia” e “hospitalidade”.
O projeto inclui ainda dois apartamentos T1 junto ao rio Douro e cinco pequenas casas na serra, perto do Parque Biológico de Lamego, nas quais se vai apostar na sustentabilidade com painéis fotovoltaicos ou reutilização da água. Na cidade de Lamego, perto da escadaria de Nossa Senhora dos Remédios, estão também a restaurar uma outra casa com cinco suítes para alojamento local.
Paulo Roque referiu que o projeto, no total, representa um investimento de cerca de um milhão de euros, adiantando a intenção de candidatar parte dos empreendimentos a fundos comunitários. As dificuldades sentidas estão, apontou, relacionadas com a falta de mão-de-obra para a concretização das obras, esperando, no entanto, que todas as unidades, num total de 25 quartos, estejam a funcionar até ao final de 2023. Serão criado cerca de 10 postos de trabalho.
“O Douro está a ser explorado a 30% da sua capacidade. Foi-nos dada uma ‘zona de ouro’. A natureza criou aqui um sem número de oportunidades para toda a gente”, salientou o empresário, que explora uma casa de jogos no centro de Lamego de onde observa “cada vez mais turistas” neste território.
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