Perante o mar da Ericeira, que tem tanto de revolto como de tranquilo, o ponto de partida para este espaço foi apenas um: o conforto.
Ingrid Aparicio, que dá a cara pelo Bacana Studio, é a responsável pelo projeto do restaurante, erguido na Praia do Sul como uma casa de praia. A designer de interiores espanhola juntou-se assim à austríaca Katharina Grafl, fundadora e chef do Balagan, para criar neste espaço um ambiente sofisticado e acolhedor onde a comida é a protagonista - apesar da decoração roubar parta das atenções.
No piso térreo do Balagan, encontra-se o Deli Café, uma zona mais descontraída desenhada para ser como uma sala de estar, onde clientes entram e saem, ficam e voltam como se fosse a sua casa. No Deli Café, podem trabalhar, ler um livro, tomar o pequeno-almoço, almoçar ou lanchar.
A paleta de tons neutros e terrosos que prevalecem em todo o espaço foi escolhida a pensar nos elementos que rodeiam o Balagan — nas arribas, nas cores do mar e das ondas e até nos toldos às riscas tradicionais das praias da vila que aqui são reproduzidos no rooftop como homenagem a essa memória visual.
A escadaria envidraçada que leva ao piso de cima é atravessada pela luz natural dos janelões superiores e convida, desde logo, a uma passagem para uma zona onde a cor se torna predominante. Os candeeiros envolvem-se numa trama de crochet vistosa que espelha os tons dos cenários pincelados nos quadros que dão vida às paredes do Balagan. Já neste primeiro piso, materiais como a madeira, azulejo, corda, veludo e o rattan dos cadeirões criam um jogo de texturas harmonioso que confirma a tal sensação de casa que Ingrid pretendia. Ainda aqui, as longas mesas de madeira convidam a almoços e jantares daqueles que se prolongam horas fora, rodeados de amigos e família.
No decorrer do espaço, saltam à vista os contrastes entre os feixes de luz e sombra vindos diretamente do rooftop, que tem vista privilegiada para as ondas da Ericeira. Aqui, o exercício decorativo manteve as linhas mestras do interior, com as madeiras, a verga e as riscas coloridas a assumirem o protagonismo.
Cozinha e design de interiores: uma história traçada no feminino
Rapidez foi palavra de ordem neste projeto. O processo começou em julho de 2022 e a partir daí, Ingrid tinha nas mãos o desafio de, em poucos meses, tornar possível o sonho de Katharina de dar uma morada permanente ao Balagan.
A história entre a austríaca e a espanhola começa já na vila da Ericeira. Katharina foi uma das primeiras pessoas que Ingrid conheceu em Portugal, quando ambas trabalhavam no Selina Ericeira. Foi precisamente neste espaço que o Balagan deu os primeiros passos, quando surgiu num formato pop up. Em pouco tempo, Katharina conseguiu materializar o sonho com a ajuda do Bacana Studio.
“Sempre que temos algum projeto precisamos de estar conectados com a comunidade do espaço onde estamos a trabalhar. Acreditamos que só assim conseguimos criar laços com quem é da terra, é com eles que queremos trabalhar”, explica Ingrid em comunicado. “Não gosto que o design de interiores seja superficial, deve ser algo único e não uma reprodução constante dos mesmos materiais, da mesma decoração… Nos meus projetos, gosto de ser o mais autêntica possível, porque preciso que os meus espaços criem empatia com as pessoas e com a comunidade onde estão inseridos.”
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