Os melhores restaurantes secretos de Lisboa são um conjunto de estabelecimentos individuais e privados que continuam a funcionar da mesma forma como foram concebidos há 50, 60, 70 ou mais anos atrás. Estes restaurantes fornecem-lhe uma experiência da melhor gastronomia portuguesa que Lisboa tem para oferecer, longe das multidões e onde a única base de dados é a dos vizinhos. Esqueça o Tripadvisor, a pontuação do Yelp e os sites em inglês. Estes lugares são aqueles que deve aconselhar aos seus amigos que venham visitar Lisboa, pois mais ninguém fornece comida portuguesa tão autêntica.
O turismo de Lisboa não pára de aumentar. Desde 2010, Portugal passou de uma escolha secundária (ou terciária) a destino prioritário e mais cool da Europa para os viajantes. É a cidade da luz, o sonho dos edifícios pintados de branco, das ruas estreitas, os incontáveis miradouros, com música a tocar em cada esquina e uma linha de horizonte que coloca Roma e Florença "no chinelo". Este boom de viajantes com destino a Lisboa tem levado a um aumento e a uma diversificação substancial da oferta turística. No entanto, algumas coisas mantêm-se na mesma. E ainda bem...
Os meus últimos artigos sobre onde comer em Lisboa ou onde comer no Porto fornecem uma visão mais generalista sobre quais são os melhores restaurantes de comida portuguesa nestas cidades. "Os melhores restaurantes secretos de Lisboa" traz uma nova luz sobre estabelecimentos que até alguns locais desconhecem.
Merendinha do Arco
Rua dos Sapateiros 230, 1100-581, Lisboa, +351 213425135
A Merendinha do Arco (na foto deste artigo) situa-se junto ao arco do Rossio e é, de alguns anos para cá, uma das minhas tascas preferidas de Lisboa. A Merendinha é famosa por ter o melhor peixe-espada grelhado no carvão, o qual vem acompanhado de um arroz de feijão reconfortante. É um espaço pequeno, desprovido de decoração elaborada, apenas conta com os objectos que o dono tem vindo a colecionar ao longo dos 20 anos de gestão. Tem lugar sentado para 30 pessoas divididas por 3 mesas comuns, e que estão sempre cheias de locais, por isso, às vezes não há muito espaço para mexer os braços nas horas de almoço mais concorridas. Pergunte quais são os pratos do dia, que incluem bacalhau com grão, guisado de vitela e legumes, bochechas de porco preto, e vinho verde da casa para acompanhar a sua refeição. No final, todos têm direito a um shot de licor envelhecido de uva destilada, por isso, prepare-se para se sentir tão feliz quanto possível após esta experiência.
Cantinho Lusitano
Rua dos Prazeres 52, 1200-355 Lisboa, +351 218065185
Aninhado na confusão do bairro hippie-chic do Príncipe Real e a um passo da Assembleia da República, situa-se o Cantinho Lusitano, a epifania lisboeta dos petiscos típicos portugueses e do bom vinho. Trata-se de um espaço sóbrio e bem iluminado com lugar para 20 pessoas sentadas, portanto, é obrigatório reservar. Peça os pratos do dia e experimente uma seleção de queijos e charcutaria, salada de favas com cominhos, pataniscas com arrozinho de feijão e muitas outras delícias portuguesas. Para a sobremesa experimente o queijo com doce de abóbora.
A Baiuca
Rua de São Miguel 20, Alfama, 1100-544, +351 218867284
Se quiser conhecer Lisboa na sua pureza absoluta, este é o sítio para ir. Este pequeno restaurante (só tem 7 mesas), gerido por uma família, está aberto há 40 anos e a decoração mantém-se a mesma desde então. A comida é simples e despretensiosa, com pratos como o guisado de tamboril e peixe grelhado no carvão. No entanto a sua característica mais atraente é o fado, protagonizado por uma senhora, com dois ou três guitarristas a acompanhar.
Marisqueira Nunes
Rua Bartolomeu Dias 120, Belém, +351 213019899
Esqueça a multidão e as filas de duas horas da Cervejaria Ramiro. O novo hostspot em Lisboa para comer marisco é na Marisqueira Nunes. Aqui, as toalhas de mesa não são descartáveis e pode-se pedir num tom de voz baixo. Esta marisqueira encontra-se no coração de Belém, o foco cultural de Lisboa e preenche todos os requisitos. O marisco e o peixe são do mais fresco que há, o chef está concentrado a cozinhar pratos portugueses da mais elevada qualidade, a cerveja de pressão é gelada e não há filas à porta. É também um dos poucos lugares em Lisboa onde se vendem lapas e bruxas (uma lagosta que só há, normalmente, na costa dos Açores). Gambas gigantes ao alho é obrigatório, e o arroz de lagosta é também uma boa escolha.
Tasquinha do Lagarto
Campolide 273, +351 213883202
A Tasquinha do Lagarto encontra-se fora do centro turístico de Lisboa, e é o pináculo da cozinha portuguesa feita com seriedade, no seio de uma capital cheia de conceitos gastronómicos insípidos e que estão “na moda”. A falta de notoriedade internacional não parece incomodar os clientes, que até agradecem por poderem usufruir de um espaço só para eles. Um dos pratos mais saborosos é vitela assada com batatas assadas e brócolos, por 13 euros. O outro é arroz de garoupa, por 10 euros. É deliciosamente barato! Escusado será dizer que as doses são o suficientemente grandes para alimentar uma família de noruegueses, mas são quanto baste para matar a fome dos portugueses. Os donos são oriundos do Norte de Portugal, por isso receberá umas calorosas boas-vindas e uma taça de vinho verde.
Zé dos Cornos
Beco dos Surradores 5, +351 218869481
O nome curioso deste local advém de um caso extra-matrimonial que o pai do atual dono teve em tempos. Este lugar está tão escondido que só alguns locais o conhecem. O menu consiste basicamente em carne e peixe grelhados no carvão, sendo que a minha recomendação vai para o bacalhau e as costeletas de porco. Mas o que marca mesmo este lugar é a bifana. Na versão gastronómica portuguesa, este lombo de porco braseado no pão é comido religiosamente com mostarda e consumido pelo país fora, independentemente do status social. O vinho da casa vem das uvas do João, o dono, por isso prepare-se para descobrir alguns sabores vínicos do Portugal tradicional.
Tasco do Vigário
Rua do Vigário, 18, Santo Estevão, +351 218876534
Uma pequena tasca (um restaurante muito simples e típico), com quatro ou cinco pratos do dia a preços imbatíveis. É um bom sítio para ir se estiver a visitar o bairro de Alfama. Fica muito perto do da Feira da Ladra, do Panteão e da bonita Rua dos Remédios. Se chegar lá depois do meio-dia irá encontrar uma multidão, por isso não se atrase! Trata-se de uma bela imersão na vida lisboeta. Boa comida e gente simpática. Muitos locais. As doses são extremamente generosas e a carne é tenra e saborosa. Tem um cozido à portuguesa estupendo. O preço médio de uma refeição com vinho ronda os oito euros por pessoa.
Varina da Madragoa
Rua das Madres 34-36, +351 213965533
A Varina da Madragoa é conhecida por ter as melhores pataniscas de Lisboa - e acreditem, são mesmo. O peixe também é uma boa opção, especialmente o bacalhau, que vem grelhado na perfeição: pele crocante comestível com um recheio translúcido junto ao osso. Por isso, se estiver perto do Museu de Arte Antiga ou a visitar o quarteirão da Madragoa, não perca este local, pois é charmoso, tem comida típica e uma cozinha séria e autenticamente portuguesa, a um preço acessível para uma capital europeia.
Zé da Mouraria
Rua João do Outeiro 24
Não irá encontrar uma seta a apontar para este restaurante, mas irá ver provavelmente uma fila cá fora, por isso, tente chegar ao meio-dia para almoçar, se não terá de esperar. Este pequeno restaurante é ao virar da esquina da primeira paragem do Elétrico nº28. É um dos favoritos entre os taxistas portugueses, por isso sabemos que a comida é boa, havendo muita variedade e nenhum turista. Não se surpreenda ao entrar e ver pessoas a comerem lulas e batatas numa taça metálica gigante. Uma dose alimenta quatro pessoas. Os locais levam tupperwares para levar para casa o que não comeram. As lulas são tão tenras e o seu sabor é mesmo irreal! O preço com pão e quatro cervejas foi de 22 euros. A única coisa que posso dizer é que, se vier aqui, não ficará desiludido.
Aviso: O artigo sobre Os melhores restaurantes secretos de Lisboa é uma parte da minha colaboração com Porto Bay Hotels, onde sou um colaborador frequente para o blog In Porto Bay.
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