O longo reinado da rainha Vitória (1837-1901) foi um período de paz e prosperidade para a Grã-Bretanha. Mas, também foi um tempo de profundas desigualdades sociais causadas pelo impacto da revolução industrial. Em Londres, essas diferenças fizeram nascer simultaneamente zonas chiques e antros de miséria humana. Assim, neste texto vamos recomendar uma visita às cinco ruas mais perigosas da Londres Vitoriana. Estão todas a uma curta distância a pé da estação de metro de Aldgate, pelo que é um percurso que se faz em pouco tempo e é, sem dúvida, uma sugestão off the beaten track, especialmente recomendada para quem já conhece bem a cidade.

No século XIX, boa parte das cidades europeias e americanas testemunharam um grande crescimento e Londres não foi exceção. Em boa parte, isso deveu-se à conjugação entre o desemprego nos campos e a crescente necessidade de mão-de-obra nas cidades para alimentar as indústrias. Por isso, elas cresceram rapidamente, sem planeamento. À boleia disso a segregação social desenvolveu-se de uma forma sem precedentes. Convém ter a noção de que antes da Revolução Industrial não havia uma significativa segregação social nas cidades: geralmente os pobres habitavam nos andares superiores dos edifícios, em especial nas águas-furtadas; ricos e miseráveis eram vizinhos e esta proximidade facilitava a inclusão. Porém, com o crescimento abrupto das cidades, os pobres e os indigentes começaram a concentrar-se em grandes zonas geográficas. No caso de Londres, esta dicotomia traduziu-se na oposição entre o aristocrático West End e a zona deprimida de East End.

O East End londrino tornou-se uma área pouco desejável quando, devido à construção linhas férreas e docas, ficou sobrepovoada. Lugares como Whitechapel encheram-se de pessoas sem recursos à procura de trabalho e, no final do século, eram tristemente famosos pelos seus baixos salários, desemprego, alcoolismo, lixo e todos os tipos de crimes. Havia nessa zona muitas ruas perigosas, pelo que a lista seguinte não foi fácil de fazer e reconhecemos que é questionável.

1. George Yard

Actual Gunthorpe Street, Tower Hamlets, London E1 (51.515936°; -0.070847°)

A rua Gunthorpe vale a pena a visita: com o seu arco e a rua calcetada, é uma viela que parece saída diretamente das memórias mais negras do East End. A sua feição reservada incentivava práticas pouco lícitas e, efetivamente, era um lugar frequentado por prostitutas que aí levavam os seu clientes para momentos mais íntimos. O homicídio de Martha Tabram, uma prostituta, em 7 de Agosto de 1888, tornou este lugar célebre. Alguns investigadores procuram associar este homicídio com os crimes de Jack, o Estripador, mas não há evidências claras disso.

2. Flower and Dean Street

Parcialmente erradicada. Lolesworth Close, Tower Hamlets, London E1 (51.517898; -0.073730°)

Este era o epicentro da pobreza, crime e degradação moral em toda a Londres Vitoriana. Originalmente ligava Commercial Street à Brick Lane, mas atualmente apenas uma pequena parte sobreviveu ao reordenamento urbano, chamando-se Lolesworth Close. Esta rua tinha uma grande concentração de casas de hóspedes e pensões de reputação duvidosa, ocupadas sobretudo por pessoas que viviam em condições precárias, vivendo de biscates, pequenos crimes e da prostituição. Muitos desses lugares operavam como autênticos bordéis. Repare-se, a título de exemplo, que três vítimas de Jack, o Estripador, viviam aqui por alturas da sua morte em 1888: Mary Ann Nichols, Catherine Eddowes e Elizabeth Stride. Outras duas vítimas, Annie Chapman e Mary Jane Kelly (bem como a acima mencionada Martha Tabram), viviam aqui bem perto a alguns minutos a pé.

Rua sombria em Londres
créditos: Robert Davies | Dreamstime.com

3. Dorset Street

Agora uma viela privada e sem nome (51.518505°; -0.076311°)

Esta rua desapareceu. Há uma rua com o mesmo nome em Londres, mas não deve ser confundida com o lugar infame, conhecido por muitos londrinos da altura como a pior rua da cidade. Corria a história (embora não seja fácil de provar) que esta rua tinha mais criminosos e bêbados do que qualquer outro sítio em Londres. A violência era comum, mas mesmo assim todos ficaram chocados com o homicídio e a mutilação brutal sofrida por Mary Jane Kelly, no seu próprio quarto, vítima da lâmina insaciável de Jack, o Estripador. Agora é uma viela privada que liga um parque de estacionamento e uns armazéns. Pode dar uma vista de olhos ao sítio a partir da esquina de Crispin Street, onde está o edifício histórico que na época era uma instituição de caridade (Providence Row Night Refuge and Convent).

4. The Highway

The Highway, Tower Hamlets, London E1W (51.509717°; -0.054969°)

Conhecida antigamente por Ratcliffe Highway, esta estrada teve uma má reputação durante todo o século XIX. Em parte, isso deveu-se à ação de um criminoso em série que, num breve lapso de tempo, atacou duas famílias, matando 7 pessoas, incluindo um bebé. Alguns anos depois desses eventos trágicos, a área envolvente passou por grandes mudanças devido à construção de duas docas (London Docks e St. Katharine's Docks). Mas, ainda ficou pior: frequentada por rudes marinheiros e todo o género de pessoas desenraizadas à procura de trabalho, ganhou o ambiente ideal para o florescimento do crime.

5. Pinchin Street

Pinchin Street, Tower Hamlets, London E1 ( 51.511566°; -0.065472°)

Esta era uma rua esquálida habitada por emigrantes do centro e do leste da Europa. Tinha um carácter pitoresco por causa dos arcos que sustentavam o caminho de ferro Great Eastern. Porém, à noite, a sombra desses arcos, facilitava o crime. Alguns ainda existem hoje, incluindo aquele que ficou tristemente associado com o famoso caso do “Pinchin Street torso”. Na noite de 10 de Setembro de 1889, o agente da polícia Pennet encontrou um tronco de uma mulher, sem pernas nem braços debaixo de um desses arcos. Esse crime chocante nunca foi resolvido.

Para saber mais sobre o East End londrino na época Vitoriana, descarregue a aplicação Jack, the Ripper London Tour. Será um precioso auxílio à navegação caso visite esta zona da cidade.

O mundo inteiro no seu email!

Subscreva a newsletter do SAPO Viagens.

Viaje sem sair do lugar.

Ative as notificações do SAPO Viagens.

Todas as viagens, sem falhar uma estação.

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOviagens nas suas publicações.