Segundo João Cepeda, que preside à unidade do Time Out Group responsável pelo conceito destes mercados urbanos cujo lema é “ter o melhor da cidade debaixo do mesmo teto”, o que existe atualmente é apenas uma “intenção de projeto” baseada num “acordo comercial” assinado com a IP Património (antiga Refer Património).
“O que fizemos até agora foi chegar a acordo com a IP Património em relação àquilo a que nos propúnhamos fazer. A IP queria ter garantias – e bem – de que as nossas intenções não iam nem danificar, nem alterar o património, quer em relação à volumetria, quer ao tipo de infraestrutura e às obras de benfeitoria que nos comprometemos a fazer”, afirmou o responsável.
Neste contexto, João Cepeda salientou ser “absolutamente rigorosa” a informação dada na quinta-feira pela Câmara do Porto de que não deu entrada nos serviços municipais “qualquer processo de licenciamento para a estação de S. Bento”. “A Câmara conhece este processo e desde o início que mostrou recetividade total e absoluta. Mas, na verdade, ainda não há projeto, pelo que obviamente a Câmara nada pode aprovar”, esclareceu.
Adiantando estar atualmente em curso a elaboração de um estudo topográfico da área e a escolha das equipas técnicas das várias especialidades, o presidente da Time Out Market diz contar ter “nas próximas semanas o projeto formal para entregar às várias autoridades” envolvidas, nomeadamente a Câmara do Porto e a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).
“Mas estamos confiantes e tranquilos [quanto à aprovação do projeto], porque estudamos os precedentes nestes casos e as nossas intenções em relação ao edifício são muito modestas, não temos qualquer intenção de fazer nem demolições, nem nada que altere o património”, salientou.
Destacando que a “postura” da empresa é precisamente a de “grande defensora do património”, sendo disso exemplo o projeto do Mercado da Ribeira, em Lisboa, João Cepeda diz que o conceito dos mercados é “dar uma vida nova e trazer mais gente e mais negócio a sítios que antes estavam sem grande atividade”.
No caso de S. Bento, no Porto, o responsável esclarece que o projeto do mercado não será desenvolvido na estação ferroviária propriamente dita, cujo edifício foi classificado em 1997 como Imóvel de Interesse Público.
“Não vamos ocupar a Estação de S. Bento. Nem sequer estamos no edificado que é património classificado. O contrato que temos com a IP é de ocupar a parte recuada da estação, onde neste momento são os armazéns, que até estão desativados. A única parte que precisamos e que está a ser utilizada é a dos escritórios da CP, que nos comprometemos a realojar noutro sítio”, disse.
Segundo adiantou à Lusa, o que está previsto é “sobretudo um trabalho de reabilitação” e o edificado a construir será “uma estrutura ligeira, nada complexa”, em materiais ainda a definir no projeto.
O objetivo é acolher a partir do segundo semestre do próximo ano um “mercado de cultura e comida” com 2.200 metros quadrados, 500 lugares, 15 restaurantes, quatro bares e outras tantas lojas, para além de uma cafetaria e uma galeria de arte, numa replicação - em menor escala - do conceito do Mercado da Ribeira, em Lisboa, que a Time Out Market pretende aliás repetir “em várias cidades do mundo”, desde Nova Iorque a Miami, Berlim ou Londres.
“Este projeto vai ser sensivelmente um terço a metade mais pequeno que o de Lisboa e pretende juntar os melhores sítios do Porto debaixo do mesmo teto. Mas a ambição é igual a Lisboa, onde o Mercado da Ribeira é um dos sítios mais visitados - se não o mais visitado - da cidade, com uma média de 11 mil pessoas por dia”, afirmou.
Relativamente ao ‘hostel’ vocacionado para estudantes e ao espaço Starbucks também anunciados no âmbito do projeto de revitalização da estação de S. Bento, João Cepeda diz ter deles conhecimento, mas clarificou que “nada têm a ver” com o Time Out Market.
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