O balneário D. Afonso Henriques reabriu ao público em junho de 2007, depois de obras de remodelação e ampliação que custaram 10 milhões de euros.
“Antes tinha sido recuperado o balneário Rainha D. Amélia e feita a requalificação urbana do espaço das termas. Depois, foi o balneário D. Afonso Henriques, que era, e ainda hoje é, o maior e o mais moderno equipamento termal da Europa”, diz à agência Lusa o então presidente da autarquia, António Carlos Figueiredo (PSD).
O ex-autarca lembra que as termas de S. Pedro do Sul conseguiram “uma relevância muito grande, de tal forma que nalgumas alturas ultrapassaram um terço do mercado termal português”, mas o balneário D. Afonso Henriques precisava urgentemente de obras.
“O balneário tinha cerca de 20 anos e estava já a atingir uma fase em que parar era andar para trás. Foi quando deitámos mãos à obra”, recorda, contando que a Direção Geral da Saúde “já levantava alguns obstáculos” devido à degradação verificada.
António Carlos Figueiredo realça que esta foi uma obra “feita à custa dos meios financeiros do município”, tendo sido preciso conseguir um financiamento “que levasse a diferir no tempo o que era um investimento insuportável para ser feito de uma só vez por um município como S. Pedro do Sul”.
“Depois de muito estudo e de muita busca por uma solução, conseguiu-se aquilo que para mim é o ideal: em vez de entrar capital privado, o município financiou-se através da empresa municipal Termalistur (que gere as termas), não prejudicando o investimento da Câmara”, explica.
Ou seja, “são as próprias termas que, para além de gerarem rentabilidade para a Câmara (através do pagamento de uma renda pelo balneário Rainha D. Amélia) e um movimento económico para os particulares, ainda pagam à banca esse investimento”.
Eleito em 2013, o atual presidente da Câmara, Vítor Figueiredo (PS), admite à Lusa que “o investimento foi necessário na altura, porque as instalações estavam ultrapassadas e havia realmente necessidade de as melhorar”.
“Mas, provavelmente, poderiam ter recorrido a fundos europeus ou a comparticipações do Estado, o que não terá sido feito, porque teve de se investir muito dinheiro da Câmara”, frisa.
Segundo o autarca, em março de 2008 foi contraído um empréstimo de 13,75 milhões de euros (que terá de ser pago em 20 anos), cerca de 10 milhões dos quais se destinaram à remodelação do balneário D. Afonso Henriques.
“Desde que estou na Câmara, a Termalistur já abateu essa dívida em 1,5 milhão de euros. É muito dinheiro”, sublinha.
Vítor Figueiredo explica que, em 2012 e 2013, a Termalistur “teve um prejuízo superior a um milhão de euros” e “havia a hipótese de a empresa municipal fechar se, em 2014, não desse lucro”.
“Se a empresa tivesse sido bem gerida durante esse período podia ter-se abatido mais à dívida. A verdade é que em 2014 e 2015 já tivemos lucros superiores a 150 mil euros e é isso que nos vai criando uma bolsa para podermos ir pagando as dívidas que a Termalistur tem”, acrescenta.
Para o seu antecessor, António Carlos Figueiredo, o prejuízo ou lucro da Termalistur é “uma falsa questão” que, apesar de ter sido “explicada muitas vezes, serve sempre para fazer alguma demagogia”.
“A Termalistur dá o prejuízo que a Câmara quiser”, considera, acrescentando que “a fronteira entre o lucro e o prejuízo” está na jogada que se fizer entre o montante da “renda elevadíssima” que a Termalistur paga à Câmara e o montante pago relativamente ao financiamento feito (juros e capital).
A Termalistur paga atualmente uma renda mensal à Câmara de 64.738 euros pelo balneário Rainha D. Amélia. Em 2015, o valor total desse encargo foi de 773.226 euros.
Vítor Figueiredo admite que já pensou baixar o valor da renda, que é “realmente elevada”, mas que isso tem de ser feito “de forma a não prejudicar as contas da Câmara”.
“Como dá jeito à Câmara ter esses montantes elevados para a gestão corrente, a renda ainda não foi baixada”, justifica.
Segundo António Carlos Figueiredo, a intenção da Termalistur “nunca foi dar lucro, porque se fosse para dar lucro não pagava renda e a receita transitava diretamente para a Câmara”.
“O que se pretende é que a Termalistur preste um bom serviço, dinamize o concelho, a região e todos os operadores das termas”, frisa, lembrando que “há receitas indiretas que são superiores às diretas”.
Em 2015, as termas de S. Pedro do Sul tiveram 15.626 clientes (12.079 para cura termal, 703 para fisioterapia e 2.844 para termalismo de bem estar). O volume de negócios foi de 4,3 milhões de euros.
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