O centro histórico de Amarante vai ser o palco da Bienal AR&PA que tem como objetivo promover, valorizar e dar visibilidade ao Património Cultural. Para isso, a Spira, entidade organizadora, elaborou um vasto programa. Desde logo a Feira do Património onde estarão presentes cerca de 100 expositores entre entidades portuguesas e espanholas, mas há também ateliers, jogos e teatro para as crianças, várias exposições, workshops de fotografia, debates, espetáculos de vídeo mapping, concertos musicais e muito mais – o melhor mesmo é consultar o programa!
Ora, este é o mote para aproveitar o fim de semana e rumar ao norte para conhecer a magnífica cidade de Amarante. O centro histórico, bastante bem preservado, é local de visita obrigatória com um conjunto notável de magníficos monumentos e edifícios exemplares dos estilos barroco e românico, entre os quais se destacam as igrejas de São Pedro e de São Domingos, o Solar dos Magalhães, a Casa da Cerca, a ponte de São Gonçalo, que atravessa o Rio Tâmega, e o ex-libris da cidade - a Igreja e Convento de São Gonçalo. Este monumento religioso, que é um importante local de peregrinação, merece por si só uma visita. Erguido no local da ermida, onde se pensa estar sepultado o padroeiro da cidade, São Gonçalo, que na verdade é considerado beato pela igreja católica, começou a ser edificado em 1540 por ordem do rei D. João III. A sua construção atravessou diversos reinados pelo que, o seu aspecto denota influências renascentistas, maneiristas, barrocas e oitocentistas. A austera fachada principal contrasta com a imponência da lateral, que ostenta um portal de enorme valor artístico onde estão representados os fundadores beneméritos do convento.
Numa parte do Convento Dominicano de São Gonçalo encontra-se outra das joias de Amarante - o Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, em homenagem ao pioneiro e um dos nomes maiores da pintura modernista portuguesa, cujo reconhecimento da sua notável obra só se deu recentemente. No museu, que pretende evocar artistas e escritores nascidos em Amarante, lembra-se António Carneiro, Teixeira de Pascoaes, Agustina Bessa Luís e claro, Amadeo de Souza Cardozo, entre outros.
Fora da cidade, há outros motivos de interesse, como por exemplo os Paços do Concelho de Santa Cruz de Riba Tâmega, o Mosteiro de Travanca ou as igrejas de Mancelos, Jazente, Freixo de Baixo, Gatão e Gondar que fazem parte da Rota do Românico. Mas desengane-se quem pensa que as únicas atrações da região passam apenas pelo património edificado. No Município de Amarante respira-se Natureza! Desde logo com Rio Tâmega, sempre presente, mas também as Serras do Marão e da Aboboreira, cujas paisagens marcadas pelas aldeias de xisto e de granito, povoadas por gente acolhedora e fiel depositária de antigas e ricas tradições, são bons motivos para não se deixar ficar apenas por uma visita à cidade.
Na gastronomia amarantina, a carne está em destaque, seja o cabrito assado no forno, ou os pratos de carne bovina maronesa, um produto autóctone das serras do Marão e do Alvão com denominação de origem protegida. E uma vez que estamos na época dos cogumelos, saiba que Amarante é uma referência nacional no que diz respeito à produção destes fungos, razão pela qual vale a pena ter em conta este petisco presente nas ementas dos restaurantes da região. Na hora da sobremesa, os doces conventuais à base de açúcar, ovos, farinha e amêndoas são obrigatórios, quer se tratem de “lérias”, “foguetes”, “papos de anjo” ou “brisas do Tâmega”. Nas pastelarias da cidade pode ainda encontrar os doces de São Gonçalo com a sua forma fálica característica e que são também uma presença habitual nas festas e romarias de Amarante. Estes doces estão associados ao culto pagão a São Gonçalo, a quem são atribuídos os dotes de casamenteiro - fazem parte das preces e rituais das moças solteiras que recorrem ao padroeiro da cidade na esperança de encontrar um noivo.
Quanto ao alojamento, no centro de Amarante existem bons hotéis e nos arredores há também diversas unidades de turismo de habitação. A hospitalidade já se sabe, é do melhor que há, ou não estivéssemos no norte do país!
Comentários