A facilidade do deslocamento trazida pelo transporte aéreo teve como consequência o aumento da participação em competições internacionais quer por atletas de alta competição como por desportistas amadores.
As viagens longas e com mudanças de fuso horário associadas estão frequentemente associadas a uma redução no rendimento e desempenho desportivos. Comumente conhecido como jet lag, este síndrome caracteriza-se por uma alteração no ritmo circadiano que se traduz em alterações no ciclo sono/vigília e maior fragilidade do sistema imunitário que têm como sintomas associados: fadiga, sonolência, insónia, diminuição do desempenho mental e físico, flutuações de humor, perturbações gastrointestinais, dores de cabeça, sentimento de desorientação, etc.
Facilmente se depreende que tais alterações se irão repercutir na diminuição do rendimento na competição, para além do risco acrescido de lesões.
Há algumas de medidas e estratégias que permitem minimizar este efeito, que devem englobar os períodos pré-voo, voo e pós voo. Gerir o padrão de sono é um dos mais valorizados por atletas.
O tempo mínimo recomendado para uma ótima adaptação é o de um dia no local de destino, prévio à prova, para cada fuso horário avançado, sendo que os efeitos são mais marcados em viagens para Este do que para Oeste.
Caso não seu possível viajar com esta antecedência, uma estratégia possível poderá ser o de iniciar a adaptação ainda na origem, adiantando ou atrasando uma hora por dia (consoante viaje para este ou oeste respectivamente) o seu horário de deitar e acordar. A exposição a luz LED pode ser uma aliada no atraso do sono, funcionando a utilização de “tapa-olhos” no sentido oposto.
Já no avião, durante a viagem, tente dormir já de acordo com o horário do destino.
Adaptar o seu período de treino ao fuso horário de destino poderá também ser uma alternativa interessante. Por exemplo, se treina de manhã e a sua prova é na Austrália (diferença de 12h), comece a treinar ao início da noite!
O horário das refeições devera também ser progressivamente ajustado ao horário do destino (durante o voo faça refeições mais frequentes, em menor volume e com balanço energético adequado). Não deve esquecer a hidratação adequada! Evite ainda o uso de bebidas alcoólicas e cafeína durante o vôo. O álcool ajuda a desidratar e afeta de forma negativa os ciclos do sono. Ao invés de induzir o sono, piora os efeitos do jet lag.
Algumas medidas farmacológicas poderão também ser aplicadas, porém deverá recorrer a elas apenas após indicação e prescrição médica.
Por Carolina Martins Moreira, médica fisiatra especializada em Medicina de Viagem
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