Quando vamos poder voltar a viajar de avião?
O diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Alexandre de Juniac, prevê a retoma dos voos nacionais em junho e continentais a partir de julho, mas com um processo de controlo sanitário que será apresentado no final do mês.
A IATA planeia a retoma dos voos intercontinentais no último trimestre, como parte de um plano para reativar o setor aéreo, um dos mais afetados desde o início da crise do coronavírus.
Os bilhetes vão ser mais caros?
Vários analistas e sites internacionais apontam para uma subida no preço dos bilhetes de avião. O cumprimento das medidas de segurança e a crise que afeta o setor são os principais motivos.
Qual será a lotação dos aviões?
O Governo anunciou que os aviões deixam de ter lotação de passageiros reduzida, de dois terços, a partir de 1 de junho e que o uso de "máscara comunitária é obrigatório" nos aviões.
O gabinete do ministro das Infraestruturas e da Habitação indica que "importa agora alinhar as regras nacionais pelas regras europeias no que toca ao transporte em aviação civil, em que uma estratégia europeia e internacional uniformes são fundamentais para a retoma do setor e da confiança dos passageiros".
Como será garantido o distanciamento social?
Apesar de já não haver limite de passageiros para garantir o distanciamento social dentro dos aviões, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) recomendaram medidas de distanciamento físico sempre "quando possível".
No avião, "onde o número de passageiros e a configuração da cabine permitir", as companhias aéreas "devem garantir, na medida do possível, a distância física dos passageiros", por exemplo, deixando pelo menos um assento vazio entre pessoas, aumentando a distância entre os assentos ou deixando vazias cada duas filas de cadeiras.
Se esse distanciamento não for possível, "passageiros e tripulantes devem aplicar constantemente todas as outras medidas preventivas", acrescentaram nas suas recomendações.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo, que reúne 290 companhias aéreas, já manifestou a sua oposição a essas medidas de distanciamento físico, acreditando que reduziriam a taxa de ocupação de aeronaves abaixo do ponto de equilíbrio e aumentariam os preços das deslocações.
A diretora-geral da Saúde disse que os protocolos que conduziram à permissão aos aviões para deixarem de ter lotação de passageiros reduzida não são infalíveis, mas sublinhou que “são diretivas internacionais” e que o risco foi ponderado.
“São diretivas internacionais. Não é uma decisão unilateral de um país. Creio que é ponderado o risco (…) Se este processo é 100% infalível? Não é. Também está referido que quando há epidemias ativas nos países pode ser instituído um rastreio, o que permite detetar potenciais doentes. Há uma série de barreiras de proteção e protocolos muito restritos para pessoas para pessoas que venham a manifestar esta ou outra qualquer doença a bordo”, referiu Graça Freitas.
Onde vou ter de usar máscara?
O uso de máscara será obrigatório a bordo do avião mas não só. As agências recomendam que todos os passageiros e pessoal aéreo usem máscaras cirúrgicas desde o momento em que entram no aeroporto de partida até chegarem ao destino, com uma possível exceção para crianças menores de seis anos.
As máscaras devem ser trocadas a cada quatro horas e os passageiros devem garantir que têm unidades suficientes, mas as empresas também são incentivadas a ter um eventual stock para responder às necessidades.
Como vai ser no aeroporto e no embarque?
A União Europeia (UE) pede que se “minimizem os contactos à partida”, incentivando a compra de bilhetes e o ‘check-in’ pela internet, bem como o distanciamento nos controlos de segurança e na entrega e recolha de bagagens.
Além de medidas de higiene, como lavagem frequente das mãos e desinfecção de equipamentos, as agências europeias também recomendam que os serviços a bordo das aeronaves sejam reduzidos ao "mínimo necessário" e que o acesso aos terminais do aeroporto seja feito apenas por passageiros e funcionários.
Quais são as chances de ser infetado pelo COVID-19 numa viagem de avião?
Os aviões utilizam filtros para o ar com a tecnologia HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance) que, como o nome indica, são eficientes em filtrar partículas, evitando a propagação quase total de bactérias e vírus através do ar - estes filtros também são usados em hospitais, por exemplo. Na maioria dos aviões, o ar é filtrado e reciclado, sendo, por isso, seguro no que toca à transmissão de doenças.
Veja também - O ar dentro de um avião: como são eliminados vírus e bactérias?
Talvez o maior risco nesse momento seja mesmo o contacto com pessoas que já estejam infetadas com o COVID-19 sendo, por isso, imprescindível seguir as recomendações de saúde e higiene já amplamente divulgadas durante todas as fases da viagem: da ida para o aeroporto até a chegada ao destino final.
Quando chegar ao meu destino, vou ter de fazer quarentena obrigatória?
A Comissão Europeia não considera necessário os países da UE aplicarem medidas de quarentena obrigatória para visitantes se adotarem medidas de contenção “satisfatórias”, como as recomendadas por Bruxelas.
Ainda assim, a imposição de quarentena obrigatória é “uma medida de saúde pública que é decidida por cada país”. Espanha e Inglaterra já anunciaram que quem chegar ao país terá de ficar 14 dias de quarentena obrigatória. Por isso, é muito importante informar-se, antes de comprar um bilhete de avião, sobre as regras que cada país está a adotar. Da mesma forma que os voos não serão todos retomados na mesma data pois esta decisão depende da situação sanitária de cada país.
Vale a pena marcar uma viagem de avião para as férias de verão?
Os especialistas de saúde dizem que é muito importante continuar a manter o distanciamento social. “A grande conclusão é que é preciso manter distância. Se se conseguir manter a distância, as coisas vão correr muito melhor. E já o vimos nos últimos meses, [porque] quando essas medidas foram aplicadas, o número de casos baixou”, declarou Sergio Brusin, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa).
“Com alguma cautela, é possível recomeçar, mas também é necessário entender que esta não será uma temporada normal de turismo ou de viagens, será uma temporada com uma lenta reabertura da economia, em que será possível fazer um pouco mais do que acontece hoje [dado o confinamento], mas não será um verão normal na Europa”, disse o responsável à Agência Lusa.
Assim sendo, se quiser marcar férias no estrangeiro:
- Informe-se das regras sanitárias do seu destino, bem como da situação da epidemia
- Informe-se das regras adotadas pela companhia aérea sobre o processo de compra do bilhete, check-in, embarque e distanciamento social no voo
- Certifique-se de que vai ser capaz de cumprir as regras de higiene e distanciamento social durante a viagem
* Com Lusa e AFP
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