Há cada vez mais mulheres que viajam sem companhia. São muitos os dados a comprovar. Desde o aumento das pesquisas por termos como “female solo traveler”, aos muitos sites especializados no tema, até às comunidades de mulheres viajantes que crescem nas redes sociais.

Pode parecer algo irrelevante se analisarmos face à nossa realidade em que vivemos num país e numa sociedade com liberdade de movimento, onde, independentemente do género, todos podemos pôr uma mochila às costas e ir conhecer o mundo.

Contudo, não tem nada de irrelevante, muito pelo contrário. Viajar a solo é um ato de liberdade, é sair da zona de conforto e partir rumo ao desconhecido sem ninguém ao nosso lado. É, sem dúvida, uma experiência de crescimento para qualquer pessoa. Mas, para as mulheres, é também um ato de coragem.

Isso porque o mundo ainda não é um lugar totalmente seguro para mulheres que viajam sozinhas. Mais uma vez, são muitos os dados a comprovar. Basta fazer uma pesquisa no Google por “female solo traveler” que grande parte dos resultados será sobre dicas de como fazê-lo em segurança e também sobre os destinos mais e menos seguros para viajantes solitárias.

São também frequentes os relatos de mulheres que se sentiram inseguras em certos destinos, que foram abusadas e as histórias que chegam às notícias são aquelas que, infelizmente, contêm os piores desfechos. A violência física e sexual contras as mulheres é uma realidade que, todos os dias, faz vítimas mortais.

Com tudo isso, estamos a desencorajar mulheres a viajar sozinhas? A resposta é um grande não! Tomar esta decisão é enfrentar uma sociedade desequilibrada e pôr em causa preconceitos associados ao ato de viajar a solo. É também enfrentar os nossos próprios medos, plantados em nós desde sempre através de frases como “não andes sozinha”, “não vistas esta roupa”, “não fales com estranhos”.

Ter preocupações de segurança numa viagem é algo normal que ultrapassa géneros. Mas as mulheres terão de estar sempre um passo à frente neste critério. E, depois, felizmente, são muitas as histórias com finais felizes de mulheres empoderadas que começaram a viajar sozinhas - e não mais pararam.