Já destacámos antes, na nossa série Como fiz esta fotografia, registos fotográficos junto à costa, mas este é o primeiro feito inteiramente debaixo de água. Foi conseguido por Nuno Castro, professor de Física na Escola de Ciências da Universidade do Minho e um amante de mergulho nos tempos livres. Desafiámo-lo a contar-nos como a tirou e o que o atrai às profundezas do mar.

Texto e fotografias por Nuno Castro

O Porto Santo tem uma série de mergulhos fantásticos, sendo os mais famosos dois navios afundados propositadamente para servirem de recife artificial: o Madeirense e a corveta General Pereira d’Eça, onde a fotografia acima foi tirada. Mas também há uma série de outros mergulhos, em recifes naturais, com paisagens subaquáticas absolutamente fantásticas.

Mergulho há já bastantes anos, tendo feito cerca de 250 mergulhos em vários locais, e o Porto Santo é um destino recorrente. Sou fã quer desta ilha e do seu mar, quer do centro de mergulho Porto Santo Sub, onde me sinto em casa. Assim, este mergulho é um que faço com frequência e que sinto que nunca se esgota: de cada vez que lá mergulho descubro algo novo!

A sensação de liberdade e a aventura de entrar num meio que não nos é familiar são o que me move

O mergulho é, para mim, uma atividade fundamental. Infelizmente só o pratico habitualmente no verão, mas faço questão de o fazer todos os anos. A sensação de liberdade e a aventura de entrar num meio que não nos é familiar são o que me move, creio. E, não menos importante, a paz e tranquilidade que sempre sinto dentro de água. A fotografia subaquática é, para mim, o complemento perfeito para o mergulho.

Nesta ocasião, o peixe fotografado foi um mero, uma espécie muito amigável que, infelizmente, é de grande vulnerabilidade e está na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como espécie ameaçada.

Para fazer uma fotografia do género é preciso, no mínimo, uma caixa estanque. No limite até se pode usar um telemóvel como máquina fotográfica subaquática, desde que tenha a caixa estanque adequada. Para ir mais além, a questão da luz é muito importante. A água funciona como um filtro azul, pelo que flashes ou lanternas são fundamentais para podermos ver as cores reais em profundidade. As cores da fotografia correspondem aproximadamente ao que veríamos usando uma lanterna. Digo aproximadamente porque há sempre a questão delicada do balanço de brancos.

Corveta General Pereira D’Eça
Corveta General Pereira D’Eça A 30 metros de profundidade, a Corveta General Pereira D’Eça é, desde 2016, um local de exploração para seres marinhos e mergulhadores créditos: Nuno Castro
o equipamento não é o mais importante na fotografia — e isso também se aplica à fotografia subaquática

Além de um conjunto de dois flashes, costumo usar uma máquina Fujifilm X-T4, que não é uma escolha muito usual em fotografia subaquática, com uma caixa estanque dedicada da Nauticam, normalmente com um zoom Fujinon 18-55 F2.8-4. Também costumo usar um dome Nauticam para permitir fazer fotografias subaquáticas de grande angular.

Ainda assim, o equipamento não é o mais importante na fotografia — e isso também se aplica à fotografia subaquática, ainda que seja um tipo de fotografia bastante técnico. A criatividade e perseverança são mais importantes que o equipamento, embora seja inegável que este faz diferença.

Podem espreitar mais das fotografias do Nuno na sua conta no Flickr.