Imagem: Juan Carlos Múñoz / Rewilding Europe

A Reserva da Faia Brava é a primeira área privada protegida do país. São cerca de 800 hectares, que se estendem ao longo de 5km contínuos, integrados na ZPE do Vale do Côa (Rede Natura 2000) e no Parque Arqueológico do Vale do Côa (Património Mundial da UNESCO). Esta mancha territorial é detida e gerida pela Associação Transumância e Natureza, uma entidade sem fins lucrativos que tem como objectivo conservar a fauna e a flora do Vale do Côa. Deste modo, procura recuperar aquilo que se encontra no interior da reserva, como a vida selvagem, a floresta mediterrânea ou abrigos de pastores.

“Faia” significa escarpa, e adequa-se ao território onde a Reserva se insere, marcado por imponentes afloramentos rochosos que se erguem nas margens fluviais do Côa, numa área encaixada entre a cordilheira da Serra da Marofa e o manto de vinhas do Douro.

As escarpas graníticas que se erguem ao longo das margens deste sector do rio, são locais seguros e tranquilos para a alimentação e nidificação de importantes núcleos de grandes aves rupícolas, tais como o grifo, o abutre-do-egipto, a águia-de-bonelli, ou a águia-real. Daí que este seja um local de eleição para a observação de aves. Mas a Reserva possui também um importante conjunto de habitats protegidos e muito raros na região. Exemplo disso, é a existência de uma mancha de sobreiros, que é a mais extensa do distrito da Guarda.

Reserva da Faia Brava
Reserva da Faia Brava créditos: João Cosme/Grande Rota do Vale do Côa

Por entre os sobreiros e as azinheiras é possível ver cavalos garranos e vacas maronesas em semiliberdade e, com um pouco mais de atenção, observar dezenas de outros pequenos animais tais como insectos, peixes, anfíbios, répteis, mamíferos, aves e aracnídeos.

A Associação constituiu esta Reserva com o intuito de conservar, valorizar, conhecer e divulgar os valores naturais e da biodiversidade através de um modelo de gestão sustentável. Assim, tem vindo a desenvolver um restauro ecológico do território que integra a Reserva, através da valorização de habitats, do aumento da disponibilidade alimentar das espécies mais ameaçadas e da gestão florestal, da silvo-pastorícia e da agricultura sustentável.

Não menos importante é o facto da Faia Brava ser também uma área-piloto do Rewilding Europe, um projeto Europeu que pretende tornar o velho continente num lugar mais “selvagem”, apostando na criação de áreas naturais silvestres e no desenvolvimento do turismo de natureza.

Para quem quiser visitar a Reserva da Faia Brava, a Associação Transumância e Natureza organiza caminhadas guiadas e passeios em veículos todo-o-terreno. Uma das experiências mais interessantes destas visitas é a possibilidade de permanecer algum tempo num abrigo que permite aos visitantes observar e fotografar abutres em plena luta por alimento, a apenas 20 metros de distância.

Star Camp
Faia Brava Star Camp créditos: Juan Carlos Múñoz / Rewilding Europe

Mas quem procura uma experiência mais imersiva, existe também a possibilidade de passar 24 horas na Reserva, o que implica acampar ao estilo safari. O Star Camp permite, como o nome indica, dormir literalmente sob as estrelas. Trata-se de um alojamento concebido para ter um baixo impacto ambiental e com capacidade para alojar apenas 6 pessoas. Dotado de um magnífico enquadramento natural, este alojamento oferece um equilíbrio perfeito entre conforto e sustentabilidade.

Para quem se quiser atrever a explorar os limites da Reserva, saiba que há lagares de azeite para visitar, quintas vinhateiras e o Parque Arqueológico do Vale do Côa, um santuário de arte rupestre. Para os mais aventureiros há ainda a possibilidade de percorrer a Grande Rota do Vale do Côa, seja a pé, de bicicleta ou a cavalo. Trata-se de um trilho com cerca de 200 km que acompanha o percurso do rio desde a nascente (em Fóios, Sabugal) até à Foz (em Vila Nova de Foz Côa).

Vale do Côa
Vale do Côa créditos: Agência Lusa