Treburana, Reve, Oipaegia, Marati e Bandi são algumas das divindades dos nossos antepassados lusitanos.
Na região de Castelo Branco há muitos lugares e objectos que revelam o culto destas divindades indígenas e algumas eram exclusivas dos povos destes povoados.
Os romanos foram tolerantes, aceitaram a convivência com estes cultos e em alguns casos até lhes deram maior projecção.
Têm sido muitos os trabalhos de campo aqui realizados e muitos dos objetos encontrados, designadamente as aras votivas - pedras onde se fizeram inscrições com votos à divindade de culto -, estavam nas paredes de casas, igrejas e até num poço.
Muitas aras votivas foram recolhidas no último século por vários arqueólogos e estão agora no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco.
A pessoa que dá nome ao museu, já por si, é motivo de uma história muito interessante.
Tavares Proença Júnior nasceu em Lisboa em 1883 e pertencia aos Abrunhosa, uma família abastada que viveu em Castelo Branco. Os pais queriam que ele estudasse Direito e ainda andou em Coimbra. Mas a vocação de arqueologia foi mais forte e foi nesta área que Tavares Proença Júnior aprofundou os seus conhecimentos, sendo um autodidacta, e até esteve em representação de Portugal num congresso internacional em Paris com uma intervenção sobre a epigrafia dos monolíticos da idade do Bronze na região de Castelo Branco.
Devido a uma tuberculose, Tavares Proença Júnior teve uma saúde frágil e acabou por falecer aos 31 anos de idade na Suíça. Antes fundou uma revista e o museu onde ficaram algumas peças da sua coleção mas nem todas estão agora em exposição, uma situação que vai mudar.
Segundo Fernando Raposo, vereador de Cultura da Câmara de Castelo Branco, o património arqueológico é muito rico e vai ficar em exposição com a redefinição do museu que vai ser consumada em breve.
A componente de arte têxtil, do bordado de Castelo Branco, foi predominante mas está a ser criado um centro interpretativo na cidade. Com a saída desta componente, todo o rés- do-chão do Museu vai ser dedicado à arqueologia e será possível mostrar a quase totalidade do acervo arqueológico, em particular os objectos recolhidos por Proença Júnior.
O museu está numa zona nobre da cidade de Castelo Branco, no edifício do Paço Episcopal, onde se notabiliza o jardim com a sua forma retangular, vários lagos e estátuas.
Alguma informação foi recolhida junto do Museu Francisco Tavares Proença Júnior e das obras Religião e Sociedade no Concelho de Castelo Branco ao tempo dos romanos segundo as fontes epigráficas de Manuel de Jesus Marques Leitão, A religião de lusitanos e calaicos de Jorge de Alarcão e Divindades Indígenas sob o Domínio Romano em Portugal de José d'Encarnação.
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