Como proteger aquilo que não conhecemos? A Sociedade Portuguesa de Botânica respondeu ao desafio com a iniciativa "Planta do Ano", na qual submete a votação pública três espécies da flora nacional. O objetivo é dar mais visibilidade ao património natural do país e às ameaças que atravessa.
As plantas a votação este ano são a arméria-do-Sado, o piorro e o marcetão-das-areias, que praticamente só podem ser avistadas em Portugal, especificamente nas areias do Tejo e do Sado. Duas delas têm o estatuto de "quase ameaçada", segundo a Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental, o que confere urgência à sua conservação.
A expansão agrícola e as alterações na gestão das florestas estão entre as principais ameaças ao habitat natural destas plantas na Comporta.
"Queremos, com a votação deste ano, dar visibilidade aos impactos gerados pelos campos de horticultura e fruticultura (abacates, tangerinas, e outros) que assolam os seus pinhais litorais, quer relativamente aos que já se encontram implementados, quer aos que se projetam", explica a organização sem fins lucrativos na sua página oficial.
Uma das estatísticas apontadas refere que, entre 2011 e 2019, mais de 1200 hectares de pinhal e matos terão dado lugar a culturas intensivas. "Ao protegermos estas plantas, estamos a proteger o seu habitat e outras espécies que com elas co-habitam", apela a iniciativa.
Em 2022, a linária-dos-olivais (Linaria ricardoi), uma das mais ameaçadas de perigo de extinção em Portugal, foi a escolhida como Planta do ano de Portugal.
Podem votar na Planta do Ano 2023 até 23 de março, na página oficial da iniciativa.
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