Kompong Phluk é um pequena cidade, com várias aldeias em redor, no lago Tonlé Sap, o maior reservatório de água doce do sudoeste asiático e onde vivem cerca de 3 milhões de pessoas. Kompong Phluk fica a pouco mais de 20km de Siem Reap.
A vida aqui tem duas estações e um denominador comum: a dependência da água e do rio Mekong.
Tudo muda, consoante as estações de chuva ou tempo seco. O fluxo de água, a altura do lago e a até a residência de muitos habitantes.
Na época seca – Novembro a Maio – o Tonlé Sap ocupa uma área de cerca de 2.700 km2 e tem, em média, dois metros de altura.
Na estação das chuvas o lago alarga-se para uma área próxima dos 10.000 km2 com nove metros de profundidade e o fluxo da água muda em direção ao rio Mekong.
É nesta altura que se realiza o Water Festival, com inúmeros barcos decorados a cobrir as águas escuras do Tonlé Sap.
Esta mudança também se verifica de modo assinalável em Kompong Phluk.
A altura da água chega a variar seis metros!
Na época seca há um pequeno leito no canal principal e vê-se o nu das estacas de madeira que sustentam as centenas de casas.
Alguns habitantes, nesta altura, vão viver em embarcações no meio do lago. Outros vivem em permanência em barcos ou em casas construídas sobre plataformas de madeira.
A paisagem também muda de forma dramática.
Na época seca o verde tem mais força. Parte da floresta fica submersa com as monções.
Por outro lado, sem as chuvas, em algumas partes, há estreitos de terra que permitem a circulação a pé ou de motociclos. O meio de transporte comum é o barco.
Há um formigueiro de embarcações em movimento ou ancoradas nos cais das casas.
Algumas crianças são transportadas para a escola. Noutros casos, são pescadores que vão em direção ao lago.
Nas embarcações que estão ancoradas, é comum ver pessoas no interior a fazer a limpeza ou a preparar as redes para a faina seguinte. Outros aguardam a chegada de visitantes, ao lado do cais de um café.
As mulheres, enquanto esperavam, iam conversando e fazendo algumas lides domésticas, como por exemplo, lavar a roupa.
Os passeios são pelos canais de Kompong Phluk, entre aglomerados de casas e zonas arborizadas quando não se está no tempo das chuvas.
Habitualmente, as visitas à cidade e ao lago são feitas numa embarcação maior e fazem uma paragem no meio da cidade. Quem quiser dá um passeio no meio da povoação num dos pequenos barcos.
No lago a paisagem muda radicalmente.
Horizontes abertos, o silêncio é quebrado apenas quando da passagem ao longe de uma outra embarcação e a água castanha passa para um tom de prata escuro.
Vimos alguma vegetação mas o domínio é quase total do lago.
Na viagem de avião para Siem Reap consegue-se ter uma vista de conjunto e a percepção da dimensão do lago que é envolvido por cinco províncias do Cambodja.
As habitações e o modo de vida em Kompong Phluk revelam um ambiente de poucos recursos. A economia é muito vulnerável e, por outro lado, há alguma emigração do Vietname que, mesmo assim, vem à procura de melhores condições de vida.
Algumas casas têm telhado de colmo e o comércio é rudimentar.
Viam-se pessoas dentro de casa, crianças a olhar para o movimento dos barcos ou famílias a conversar.
Entre as estacas distinguia-se alguma vegetação (a nossa visita foi na época seca) e era vulgar verem-se pessoas a trabalhar. Outras seguiam em direção aos barcos para fazerem uma viagem pelo canal.
A povoação tinha muitas crianças e algumas até aproveitavam o rio para brincar.
Cerca de 90% da população vive da pesca e da agricultura. Em geral, são pessoas de poucos recursos. Muitas vivem exclusivamente do peixe e do camarão. É um trabalho complexo.
Vimos a descarga de um barco de pesca. Um homem transportava num balde o pescado para terra.
Várias mulheres faziam a triagem e colocavam-no em sacos.
Ao lado estava um carro que, durante a noite, todo carregado, fazia o transporte do peixe para a Tailândia onde ia ser vendido no dia seguinte.
Informações úteis
Para quem está alojado em Siem Reap não é difícil a visita a Kompong Phluk.
Há programas turísticos, mas é preferível ir por conta própria. Aluga-se um carro com motorista e não se fica dependente de horários.
Se visitar no tempo seco, a deslocação é mais fácil porque a estrada principal é transitável até ao cais principal e consegue-se ver o dia a dia das populações, com muitos jovens a pescar nos canais vizinhos, mas perde-se a espetacularidade no lago em Kompong Phluk com a água muito menos profunda.
Se fizer a visita na época das monções, parte do percurso da estrada terá de ser feito de barco.
Há quem faça a viagem entre Siem Reap e Phnom Penh de barco, através do lago.
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