Além do seu centro histórico e cultural que encanta o visitante com os seus edifícios rosa, Toulouse é uma cidade animada que recebe mais de 1.000 eventos por ano. Com uma atmosfera leve e descontraída, esta cidade universitária foi recentemente eleita a localidade mais agradável para se viver na França. Vamos perceber porquê?
Às vezes, os destinos de viagem menos óbvios são os melhores, e uma escapadinha de três dias a Toulouse provou-me exatamente isso.
Toulouse é uma cidade maravilhosa para explorar e conhecer a pé. O grande número de estudantes e a população em constante expansão — atraída por empregos na sua próspera indústria aeronáutica — contribuem para o melting pot cultural, que enche a cidade com uma energia jovem e descontraída.
Quando passeamos pelas ruas de Toulouse uma coisa que chama logo a atenção são os seus edifícios. Para além de uma abundância de detalhes arquitetónicos, tem na sua maioria, tijolos de tonalidade rosa que mudam a intensidade da sua cor ao longo do dia, variando de um laranja quente até um magenta profundo. Essa singular característica valeu a Toulouse o bonito título de La Ville Rose — A Cidade Rosa.
Toulouse tem um número recorde de residências privadas do século XVI e é muito agradável passear pelas velhas ruelas do seu centro histórico e descobrir estes belos edifícios.
A cidade é muito, muito antiga. Na verdade tem mais de 2.000 anos. Foi fundada pelos romanos no século II a.C, e existem até hoje vestígios da muralha galo-romana de Toulouse que podemos visitar.
A Place du Capitole é o coração da cidade. É uma praça animada, com restaurantes, cafés e esplanadas onde podemos parar para comer ou simplesmente beber um café. Tem desenhada no chão, bem no centro, uma enorme cruz occitana de bronze (obra do artista plástico Raymond Moretti) e abriga arcadas coloridas e o Capitólio — um monumento que funciona como sede do governo municipal desde o século XII. É um prédio neoclássico com uma fachada impressionante, assim como um magnifico interior. A entrada é gratuita e vale a pena aproveitar. O seu pátio interno exibe uma estátua do rei Henrique IV e o corredor sul do edifício abriga a Ópera-Teatro, um importante local para a arte lírica. O interior da Câmara Municipal tem como destaque a “grande salle des illustres”, com mais de 70 metros de comprimento, classificada como monumento histórico desde 1994, onde são exibidos os bustos de personalidades famosas da cidade.
Patrimónios Mundiais da UNESCO para visitar é o que não falta em Toulouse. Lugares como o Canal Royal du Languedoc, mais conhecido como Canal du Midi, ou a Basílica de Saint-Sernin — uma das maiores igrejas românicas da Europa. Foi construída no século XI, no local onde foi martirizado o primeiro Bispo de Toulouse. Servia os peregrinos a caminho de Santiago de Compostela e ao longo dos séculos sofreu sucessivas restaurações, mas manteve o seu destaque principal — uma original torre sineira octogonal com 65 metros. O interior da Basílica é também digno de nota. É absolutamente extraordinário!
Bem perto da basílica fica o Museu Saint Raymond que também merece uma visita. Está instalado num edifício do século XVI e é dedicado à arte e à arqueologia.
O Convento dos Jacobinos é outro dos tesouros patrimoniais da cidade. É uma obra-prima da arte gótica do Languedoc, com um bonito claustro e jardim. Durante o verão acontecem aqui uma série de concertos e durante o outono tem lugar na sala capitular o Festival de Piano.
A Cidade Rosa pode ser no sul da França, mas fica a apenas 120 km da fronteira espanhola e tem fortes raízes na Occitânia, uma região linguística histórica que abrangia esta parte da França e pequenas áreas da Itália e da Catalunha. Aliás muitas das ruas de Toulouse têm placas em dois idiomas, primeiro o francês e depois o occitano.
Toulouse tem na verdade um toque espanhol, particularmente evidente na quantidade de bares de tapas que existem na cidade e nos seus menus que misturam pintxos bascos com produtos locais.
Uma das coisas mais agradáveis que podemos fazer nesta cidade é ir até ao rio Garonne e relaxar um pouco nas suas margens ou admirar as belas fachadas dos edifícios do século XVIII que por ali se encontram. Durante a caminhada, podemos descobrir vários pontos de interesse como a Igreja de Saint Pierre-des-cuisines, a Place de la Daurade, a Pont Neuf (cuja construção levou 100 anos) e a Basílica Notre-dame de la Daurade, famosa por ter a imagem de uma virgem negra que dizem ajudar as mulheres grávidas durante o trabalho de parto.
Na margem esquerda do rio Garonne, fica o Quartier Saint Cyprien. Antigamente era a área da cidade mais exposta a enchentes, por isso abrigava as comunidades mais carenciadas. Hoje, porém, é um bairro vibrante, moderno e popular entre os jovens, com espaços culturais como o Musée des Abattoirs de arte moderna e contemporânea ou a Galerie Le Château d'Eau, um centro fotográfico que apresenta exposições rotativas de trabalhos de alguns dos fotógrafos mais famosos do mundo. O edifício em si é um belo exemplo da arquitetura do século XIX e é um lugar interessante para visitar, quer se esteja interessado em fotografia ou não.
Há muitos séculos, os italianos trouxeram violetas para Toulouse, e estas flores fundiram-se com a identidade local, estando presentes um pouco por todo o lado. A cidade criou licor de violeta, violetas cristalizadas, brioche com sabor de castanha e violeta, chocolates e macarons com sabor de violeta, e outros tantos produtos com infusão desta flor.
Depois de três dias aqui, senti que fazia todo o sentido a violeta ter-se convertido num dos símbolos da cidade. Pareceu-me perfeito porque Toulouse tem o caráter forte dos jogadores de rugby, mas ao mesmo tempo tem a delicadeza das flores.
Foi, sem dúvida, uma boa surpresa para quem ia a contar com muito pouco!
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