A cultura berbere, uma das mais antigas do Norte de África, ainda pulsa forte nas aldeias montanhosas do Atlas, acessíveis somente a pé. No nosso primeiro dia, enquanto percorríamos essas aldeias, fomos envolvidos pela história viva e pela hospitalidade calorosa dos locais.

Desde o início da nossa aventura, ficou claro que o Atlas tinha mais do que simples caminhadas. No segundo dia, começámos a subida por um caminho menos conhecido, acampando num ponto elevado da montanha, de onde se avistavam as luzes distantes de Marraquexe. O silêncio da montanha só era quebrado pelos sons tranquilos da natureza, tornando a experiência mágica.

No terceiro dia, enfrentámos um trajeto exigente em ziguezague até ao acampamento base. Decidimos, impulsionados pela adrenalina, conquistar o cume no mesmo dia. Atingir o cume do Toubkal (4,167 m) foi o ponto alto do nosso desafio. A subida não foi nada fácil, mas foi extremamente gratificante. No cume, a sensação de realização e as vistas espetaculares compensaram cada momento de esforço. Após alcançarmos o topo, dedicámos algum tempo a absorver a grandiosidade da paisagem e a sensação indescritível de conquista. Posteriormente, regressámos ao acampamento base para passar a noite.

Descer até Imlil no quarto dia completou nossa aventura pelas montanhas do Atlas. Pelo caminho, encontrámos um espetáculo peculiar: cabras a trepar às árvores, uma visão tanto encantadora quanto surpreendente. Cada passo neste percurso foi um encontro com as tradições que moldaram a identidade local. As kasbahs, fortificações que dominam as antigas rotas comerciais, são verdadeiros testemunhos da rica tapeçaria cultural da região.

Caminhar pelo Atlas foi mais do que um desafio físico; foi uma verdadeira imersão na beleza e tradições de um mundo que ainda preserva sua essência autêntica. Para nós, esta viagem enriqueceu não apenas a nossa compreensão do mundo, mas também aprofundou o nosso respeito por uma cultura que resiste bravamente ao tempo.