Com um território vasto, repartido entre o sul da península Malaia e ilhas adjacentes e o norte da ilha de Bornéu, a Malásia é um destino que tem tudo para agradar aos viajantes. Das bucólicas praias às montanhas imponentes, do ambiente citadino jovem e cheio de vida às densas florestas e parques nacionais protegidos com uma riqueza de flora e fauna impressionante. São muitas as aventuras que nos esperam neste país do sudeste asiático.

Depois de conhecer a capital Kuala Lumpur e duas ilhas situadas no nordeste da Malásia peninsular, Redang e LangTengah, elegi uma outra ilha, a sudeste, já muito próximo de Singapura. Tioman foi considerada nos anos 70 uma das ilhas mais bonitas do mundo. Um título que se justifica pela aura de mistério que guarda, muito à conta da cor verde da sua imensa vegetação e dos deslumbrantes montes que atraem, muitas vezes, nuvens em seu redor.

Nesta região, há um grupo de 64 ilhas de origem vulcânica, sendo Tioman a maior, com cerca de 350 quilómetros quadrados. É conhecida, sobretudo, pelas riquezas que se escondem nas águas tépidas do Mar do Sul da China, pelo que são os amantes de mergulho e de snorkeling quem mais procuram este pedaço de paraíso. Mas, em terra, a selva densa que preenche praticamente toda a ilha, guarda uma imensidade de animais e plantas. Por aqui, encontramos, por exemplo, 45 espécies de mamíferos e 138 espécies de aves.

Segundo a lenda, Pulau Tioman é a casa de uma princesa dragão, que voava da China para Singapura para ver o seu príncipe. Quando estava prestes a chegar, deixou-se encantar pela beleza deste lugar e decidiu ficar, tomando a forma de uma ilha para que pudesse, daí em diante, dar conforto aos viajantes.

Apesar de existir um pequeno aeroporto na ilha, voar para Tioman é praticamente impossível, pois os voos são da responsabilidade de uma única companhia que pratica valores que não são acessíveis a muitas bolsas. Resta-nos o barco e é uma empresa que detém o monopólio das viagens, a Bluewater Express.

Os bilhetes devem ser comprados online através do site  Tioman Ferry Ticket para evitar confusão na hora da partida. O ferry parte diariamente de Mersing ou Tanjung Gemok para Tioman e vice-versa, mas os horários vão mudando de acordo com as marés e as condições do estado do mar. Os horários vão sendo atualizados mensalmente. O bilhete de adulto custa cerca de 7,3 euros e a viagem demora entre uma hora e meia a duas horas.

Mas é difícil evitar a confusão do porto, já que há alguns passos obrigatórios antes de podermos embarcar. Mesmo com o bilhete comprado antecipadamente, é preciso chegar uma hora antes. À chegada ao porto, devemos dirigir-nos ao edifício principal onde estão alguns guichets. Primeiro, temos de ir ao revendedor do bilhete. Isto porque, apesar de haver apenas uma empresa de ferrys, há várias a vender os bilhetes.

Tioman: a ilha da Malásia que um dia foi princesa dragão  
Cascata de Asah. Foto: Starting Today

De seguida, vamos a um outro local onde temos de apresentar a nossa identidade para que seja fornecido o bilhete em papel e, finalmente, temos de pagar uma taxa por irmos para um parque protegido. Seguimos, então, para a zona das partidas. Há ainda um último guichet, onde um funcionário verifica os bilhetes e nos indica qual a fila onde devemos aguardar.

Entrar no barco também é um pouco caótico, já que o processo inclui arrumar as malas dos turistas que vão para paragens distintas na ilha de Tioman, dependendo do hotel onde irão ficar instalados. A minha paragem foi a primeira, Genting, a dez minutos de distância de barco do hotel onde iria pernoitar, situado no sul da ilha.

Antes desta última paragem na Malásia, tinha estado em Lang Tengah, uma pequena ilha selvagem, situada na mesma linha de costa, mas mais a norte, e chegar a Tioman não foi tarefa fácil. Não existe um barco direto que faça a viagem, pelo que tive de, primeiro, apanhar o ferry de Lang Tengah até ao aeroporto de Terengganu, na Malásia peninsular.

Depois, apanhei um voo doméstico até ao Aeroporto Internacional de Senai, em Johor Bahru, através da companhia Air Asia. Daqui, ainda estava a cerca de duas horas de distância de Mersing, o tal porto, de onde se apanha o ferry. À hora a que cheguei ao aeroporto, já não havia autocarros, pelo que apanhei um táxi, uma viagem que custou cerca de 42 euros. Assim se passou praticamente um dia inteiro apenas para chegar a Mersing. Só no dia seguinte de manhã, ia apanhar, então, o ferry.

Tioman: a ilha da Malásia que um dia foi princesa dragão
Um dos pontos de mergulho e snorkeling em Tioman. Foto: Starting Today créditos: Starting Today

Na ilha, respira-se tranquilidade. Há algumas povoações, como Tekek e Salang, onde existe vida noturna para quem procura mais animação, mas, como praticamente não há estradas, apenas trilhos pela selva, os turistas permanecem nas praias dos hotéis. As deslocações fazem-se, sobretudo, de barco. Vale a pena conhecer alguns pontos de snorkeling, pois é o fundo do mar que se desvenda mágico, colorido e inesquecível. Olhar para o mundo que está debaixo de água é perceber que existe uma riqueza que não se mede, uma beleza que não se quantifica. Por aqui, encontramos tubarões, peixes trombeta, peixes papagaio e peixes palhaço, entre muitos outros, além de bonitos corais.

A ilha é também conhecida pelas quedas de água. A maior e mais procurada é a de Asah, perto da vila de Mukut. Para lá chegar, existe um trilho pelo meio da selva, ou, em alternativa, vai-se de barco até à praia mais próxima e, daí, existe um percurso de cerca de 10 minutos, sempre a subir, pela densa floresta.

Apesar de estar mais próxima da Malásia peninsular, Tioman assemelha-se a Bornéu, no que se refere às características geográficas. Além da densa vegetação e da diversidade de fauna e flora, são as suas montanhas de formatos originais que mais nos impressionam.

Bornéu é a terceira maior ilha do mundo. E é nesta ilha que se encontra o ponto mais alto da Malásia. Com os seus imponentes 4095 metros de altura, o Monte Kinabalu é o terceiro mais alto do sudeste asiático, estando integrado num parque nacional, que faz parte do Património Mundial da UNESCO. Não tive oportunidade de conhecer esta parte da Malásia, mas fica a vontade e a desculpa perfeita para um dia regressar.

Por Helena Simão, blogger do Starting Today