Destino enganoso: Bacalar, o suposto paraíso sobre o qual se escreve. Não é assim, as imagens enganam e os cristais da água não têm a cor esperada. Cor castanha foi o que viu. Depois disso optou por ir para Palenque de autocarro, mas na rota da noite. Enquanto esperava pelo autocarro, no hostel, conheceu um casal suíço amoroso, mas nem isso compensou os nove graus de temperatura do autocarro que não lhe permitiu dormir ou sequer descansar durante nove horas. “O meu corpo, os meus olhos a pedirem para fechar... chorei… foi a pior viagem da minha vida”.
Enquanto me envia informação detalhada, acho graça óbvia ao facto de estar sempre a ser interrompida pelos vendedores na praia… sendo que as tantas me diz: “Tenho de comprar uma placa a dizer ‘no, gracias’.”
Mas houve maravilha: o sítio arqueológico em Palenque e as cascatas naturais com jacuzzis e lianas colocam Chichén Itzá a um canto. Coisas que só se descobrem após uma viagem bem desenvolvida como a da Bia. Outro ponto alto: a cascata azul de águas cristalinas que relembrou o rio celeste de Costa Rica. E continuou a admirar cascatas que os ‘buracos da natureza’ iam revelando e onde a Beatriz se permitiu demorar mais tempo. Ora já sabe que deve atualizar os pontos turísticos do México.
Viagem terrível 2: nova viagem de shuttle, velocidade máxima de 20KM com intervalos constantes de lombas enjoativas, pneu furado no meio do nada, frio imenso em San Cristóbal. Depois de arranjarem o pneu no meio de uma montanha, seguiram a viagem ‘sobressalente’. A Beatriz aconselha fazer viagens noturnas pois poupa-se a estadia. Só lamenta completamente não ter roupa para aquela temperatura muito própria de San Cristóbal, a cerca de 3000 metros de altitude.
Chocante: “a cada esquina de San Cristóbal que vais” as crianças vendem de tudo, não vão à escola, mas curiosamente falam ainda a língua Maia. Apesar do cenário desfavorecido que a entristeceu, anota que esta é a zona de melhores têxteis e de licor de todo o México.
Roubo de alma: durante três horas numa corrida a cavalo parou numa igreja e assistiu a um ritual sendo que lhe foi imposto que não podia captar fotografias pois as pessoas mais antigas (Maias) acreditam que uma foto lhes rouba a alma: “Bem tentei, mas tinha medo que me lançassem mau olhado”. Gritam mesmo, como se esconjurassem o fotógrafo. Mórbido o ritual: santos com rostos de cera como medusas “a fixarem as pessoas”, velas espalhadas, penas de galinhas escuras, devoção inusitada, rezas em volume elevado a São Judas e completo êxtase difícil de compreender para a primeira vez. E mais não digo, pois a Beatriz viu muito além dentro deste ritual. Espero que a alma da portuguesa esteja inteira depois do que encontrou.
Regressou de cavalo e não teve saudades de Tulum, pode usufruir destas zonas (sublinho as fotografias lindíssimas das cascatas!) de forma mais económica onde garante que ali têm uma “tara qualquer por velas” e onde também não se pode tirar fotos: nem a velas do mercado, nem a pessoas. Ficou estupefacta. Depois foi, durante doze horas, para Puerto Escondido. A duas horas da viagem foi sobressaltada por normas de segurança e de higiene: repleta de sono teve de sair do autocarro para este ser limpo. Acordou, entretanto, na zona dos amantes de surf: Puerto Escondido. E ‘escondida’ do mundo doente está ali numa zona protegida como assim a descreve. Boas ondas, Beatriz!
Comentários