Marcela, a menonita mexicana que mostra a vida da sua comunidade no TikTok

Nos vídeos que partilha no TikTok, Marcela fala com orgulho, mas também com sarcasmo, sobre a comunidade menonita, que comemora um século no México. Depois de várias gerações que rejeitaram a roda, ou a eletricidade, a jovem abraça a tecnologia como uma influenciadora de sucesso.

Mennonite influencer Marcela Enss, 30, known as Dietsche Mejal or Mexican Mennonite, poses for a picture in Cuauhtemoc, Chihuahua state, Mexico, on March 12, 2022. - A hundred years after their arrival in the north of Mexico, the Mennonite community debates between those who keep their ancient traditions and those who embrace modernity, as electricity and internet, including a TikToker youngster. (Photo by HERIKA MARTINEZ / AFP) · AFP or licensors

Marcela Enns, de 30 anos, é "@menonita_mexicana" no TikTok. Na conta com cerca de 358.000 seguidores, Enns relata histórias em espanhol sobre a vida dos menonitas em Cuauhtémoc (estado de Chihuahua, norte). Os ancestrais desta criadora de conteúdos digitais chegaram a esta região em 1922.

"Aqui somos uma mistura", diz a jovem, diferenciando entre "conservadores", que parecem viver parados no tempo; "tradicionais", que usam roupas típicas, mas aproveitam a tecnologia; e "modernos", os quais, por causa da aparência e estilo de vida, "não se percebe que são menonitas".

A 460 quilómetros de Cuauhtémoc fica a colónia menonita de Sabinal (Chihuahua), onde as tradições misturam-se com a modernidade desde a chegada da eletricidade há quatro anos, seguida de pneus, telemóveis e internet. Aqui ninguém tem televisão.

Fundada há 30 anos, a comunidade tinha cerca de 2.000 habitantes, mas os artefatos modernos levaram metade dos habitantes para a distante Campeche (leste).

Estima-se que existam cerca de 100.000 menonitas no México, a maioria em Chihuahua.

Inspiração

Embora as raízes estejam na Holanda e na Rússia, os primeiros menonitas emigraram para o México a partir de Manitoba, Canadá. Lá, os menonitas foram forçados a aprender inglês, embora a sua educação religiosa fosse em alemão. O então presidente mexicano, Álvaro Obregón (1920-1924), "abriu a porta a esta comunidade".

A vocação agrícola do território foi fundamental.

Um século depois, o apego à terra convive com uma lenta abertura à modernidade. No caso da "@menonita_mexicana", por exemplo, avança rapidamente por causa da educação familiar. O pai foi o primeiro da comunidade a mandar os filhos para uma escola pública.

"Para mim, significa quebrar muitas regras. Espero poder inspirar outras mulheres menonitas a serem mais independentes, fortes e a não terem medo de falar o que pensam", completou.