No imaginário português, o Luxemburgo parece um destino de férias menos óbvio e em conversa com os amigos pode surgir o comentário de que é o país para onde os portugueses emigram. Não deixa de ser verdade! Vemos muitos portugueses e muitas referências (principalmente em cafés) ao nosso país; na verdade, é muito comum ouvirmos a língua de Camões. Uma rápida pesquisa mostra que o Luxemburgo é um país encantador e cheio de Natureza e Cultura. Pois bem, foi precisamente a parte da Natureza que nos intrigou, e sabem uma coisa? Um dos melhores mercados de Natal da Europa está no Luxemburgo! Uma coisa puxa a outra e em Agosto tínhamos a viagem marcada para o Natal no Luxemburgo.

Com o aproximar dos dias a realidade de um Luxemburgo sem neve parecia materializar-se... Frio, mas não tanto quanto o desejado. E foi assim que embarcámos, com a esperança de explorar uma cidade muito conhecida por cá, mas também um pouco menosprezada na hora de viajar. A noite já tinha caído quando entrámos no autocarro (gratuito, como todos os transportes públicos) para uma viagem curta até ao alojamento na periferia da cidade.

Após uma pequena peripécia ao tentarmos entrar no apartamento decidimos dar uma volta para encontrar um sítio onde comprar o jantar: parece que decidimos viajar para o Luxemburgo num dia de feriado! Ainda assim, foi agradável passear à noite e pudemos constatar como a cidade é segura. Depois deste pequeno fiasco, decidimos apanhar o autocarro e rumar ao centro da cidade para ver o mercado de Natal e jantar por lá. Este primeiro contacto com o Luxemburgo foi delicioso.

Luxemburgo
créditos: Guilherme Teixeira

A presença portuguesa é tão forte que facilmente conseguimos um pequeno-almoço tipicamente português (torradas com café e cappuccino numa pastelaria portuguesa). Depois disso, tivemos o primeiro contacto com a natureza desta cidade, com o bónus de observar dois esquilos-vermelho Sciurus vulgaris: há uma grande cultura de espaços verdes no Luxemburgo! Atravessámos o parque urbano com o intuito de apanharmos o metro de superfície (visto de fora parece uma discoteca com os neons púrpura), junto à universidade, que nos deixou no bairro de Kirchberg. Este bairro é caracterizado pelos seus edifícios modernos que são sede de várias instituições europeias e do Mudam Luxembourg – Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean.

Não é fácil dizer para visitarem o parque ou jardim A, B ou C, pois todos os parques estão interligados, de uma maneira ou outra, num enorme corredor verde que merece toda a nossa atenção. O Parc Dräi Eechelen encontra-se no bairro de KIrchberg e é adjacente aos edifícios governamentais. Daqui temos uma vista panorâmica para a parte velha da cidade e a zona envolvente, bem como uma enorme área verde para a prática de exercício ou simplesmente para fazer piqueniques ou relaxar. Dado que as condições meteorológicas não eram as mais favoráveis para tais práticas, a escolha por um local fechado era óbvia. É neste parque que podemos encontrar uma fortaleza contruída no século XVIII que desempenhou um papel fundamental na defesa do território europeu: Fort Thüngen. Atualmente, alberga o Museu Dräi Eechelen (inaugurado em 2012 e com entrada gratuita) que aborda vários aspectos da História do Luxemburgo e principalmente da sua formação.

O Parc des Trois Glands pode ser traduzido para “parque dos três carvalhos”, numa clara referência à presença aí de três carvalhos antigos. Se o primeiro parque tem uma conexão mais intrínseca à História da cidade, o segundo tem uma ligação importante ao meio natural. Neste, temos uma grande seleção de trilhos que fazem a delícia dos amantes de Natureza ou das pessoas que queiram fugir ao barulho da cidade. Somos transportados para um bosque que podia estar no meio das montanhas, mas não! É precisamente ao lado da zona mais moderna da cidade. De forma a ligarem esta parte da cidade à parte mais histórica, foi criado o Pfaffenthal Panoramic Elevator que nos leva até setenta e um metros de altura e nos deixa noutra atração desta cidade.

Luxemburgo
créditos: Guilherme Teixeira

Nunca tinha estado numa capital europeia onde a área verde desempenhasse um papel tão preponderante! Não é a cidade que abraça a natureza, mas sim a natureza que se apodera da cidade!

O Elevador deixou-nos no Parc Fondation Pescatore e numa curta caminhada chegámos ao Parc Kinnekswiss para começarmos a explorar os Mercados de Natal com mais atenção. Com o aproximar da hora de almoço, achámos que seria um ótimo pretexto para provarmos alguma comida quente.

Os Mercados de Natal no Luxemburgo estão espalhados por 4 zonas: o Lëtzebuerger Chrëschtmaart na Place d’Armes, o Wantermaart na Place de la Constituition, o Niklosmaart na Place de Paris e o Wanterpark no Parc Kinnekswiss. Todos os mercados têm uma temática associada e o Wanterpark é precisamente o epicentro da gastronomia dos Mercados de Natal. Não deixem de provar os pratos maravilhosos desta parte da Europa!

Mercado de Natal em Luxemburgo
Mercado de Natal em Luxemburgo créditos: Guilherme Teixeira

Wantermaart é o local onde podemos encontrar uma árvore de Natal com treze metros de altura, uma impressionante roda gigante de 32 metros e diversas barraquinhas (entre elas podemos ver produtos portugueses) onde podem comprar souvenirs ou provar um incrível Trdelnik. O Niklosmaart é o mercado onde os mais pequenos podem encontrar o Pai Natal, enquanto os mais graúdos podem aproveitar para beber o famoso vinho quente, o mulled wine. Por fim, o Lëtzebuerger Chrëschtmaart é o ponto central das festividades luxemburguesas e é aqui que podemos encontrar um presépio gingante e uma árvore de Natal de doze metros. À semelhança do ano passado, os mercados de Natal estão abertos desde o dia 24 de Novembro até 1 de Janeiro.

Há muito que procurava uma cidade desta dimensão com uma área verde respeitável, capaz de fazer inveja a outras metrópoles. O nosso objetivo em visitar o Luxemburgo era precisamente ver o Mercado de Natal e não me senti nada defraudado. Confirmei, mais uma vez, como o Natal é a melhor época do ano para viajar.

Podem seguir as viagens e experiências fotográficas do Guilherme no seu blog, Raw Traveller, onde uma versão deste artigo foi publicada originalmente, e no instagram.