Experiência significa “conhecimento por meio dos sentidos de uma determinada realidade”, pode ler-se nos dicionários de língua portuguesa da Porto Editora. E são cada vez mais as pessoas que procuram experiências de vida durante as suas viagens.
Afinal, o que é isso de experiências de vida que envolvem viagens?
Falamos de acontecimentos, festas ou fenómenos relevantes para a cultura social que se vivem apenas em determinadas regiões ou países e que, para fazermos parte delas, temos de viajar, seja de carro, avião ou outro meio de transporte qualquer. Contudo, os viajantes aproveitam esse acontecimento para conhecer o lugar para o qual viajaram, podendo ser algo tão simples como viajar para ver o nosso clube de futebol nas competições europeias, ver as auroras boreais na Islândia, fazer parte do festival das cores na Índia ou beber uma caneca de cerveja na Oktoberfest, em Munique.
Já ouviram falar do Secret Cinema?
Fundado em Londres, em 2007, por Fabien Riggall, o Secret Cinema é uma empresa que desenvolve experiências teatrais imersivas baseadas em filmes ou séries, combinando atuações interativas em cenários semelhantes com projeção dos filmes escolhidos.
A cada ano, esta empresa escolhe dois filmes (em 2019 haverá pela primeira vez uma série de televisão - Stranger Things) e faz a divulgação, sendo que esta é personalizada, ou seja, terá de fazer um registo no site oficial e receberá no e-mail o nome dos filmes que serão alvo de uma experiência imersiva, assim como a compra de bilhetes e os passos para o sucesso da sua missão.
Por falar em missão, e depois de o Secret Cinema ter acolhido filmes como Star Wars, Moulin Rouge, Dirty Dancing ou 28 dias depois, este ano foi a vez de receber Casino Royale, um dos filme de maior sucesso da saga 007.
Onde é?
Tudo começou na cidade de Londres e é na capital inglesa que acontecem em lugares revelados apenas uns dias antes do evento e apenas para os portadores de bilhetes. A empresa está a expandir e vai levar a ideia até Shangai, na China.
O nome do local nunca é verdadeiramente revelado, pois são fornecidas indicações de, por exemplo, que temos de sair na estação de metro X e lá receberemos mais informações. No caso do Casino Royale a ‘ação’ passava-se dentro de um pavilhão industrial, cujos cenários foram montados de propósito pela produção.
O evento
Se são dos que gostam de divulgar tudo o que fazem nas redes sociais fiquem a saber que não são permitidas máquinas fotográficas e os telemóveis são selados antes do início do evento. Esta é das poucas fotografia que temos, minutos antes de começar...
Depois das fotografias, somos convidados a entrar para uma pequena sala onde surge uma cantora (atriz) a dar-nos música e as boas-vindas a esta experiência imersiva. Depois alguém é baleado em pleno palco (encenação) e temos de fugir no meio pela multidão até que damos de caras com uma variedade de cenários: Madagascar, seguido das Bahamas e o seu aeroporto, até às divisões de operações de Q e M e a recriação da praça de São Marcos de Veneza. Todos estes 'lugares' estão espalhados por um recinto gigante e cabe a nós, convidados, explorá-los da melhor e completar as missões que os atores nos vão dando.
Cada experiência ou visita será sempre diferente, pois as personagens fazem a ação acontecer e, dependendo do lugar em que estivermos naquele momento, a nossa perceção da missão será diferente. Tal como a nossa interação, pois os atores pedem-nos para completar tarefas e, se forem bem sucedidas, conseguiremos obter informações para ir ao passo seguinte e descobrir o espião infiltrado. Quanto menos interação houver, mais fraca fica a experiência.
Pelo meio, estão montados vários espaços de refeições e bebidas [pagos à parte], não faltando os típicos vodca martinis do espião inglês.
Na reta final da primeira parte desta experiência, somos convidados a entrar num cenário que recria um casino onde, no centro, estão vários atores a jogar uma partida de póquer - tal como no filme - e de repente dá-se um novo tiroteio e uma fuga sem sucesso. Os cenários levantam-se e começa uma nova etapa desta experiência: a projeção do filme em ecrã gigante com a interação de atores, em determinados momentos, que recriam algumas das cenas mesmo à nossa frente como se de um teatro se tratasse, havendo ainda espaço para surpresas como a entrada do mítico Aston Martin DB5.
A exibição deste filme, mesmo sendo interativa, quebra um pouco o ritmo da experiência, mas mesmo assim não deixa de ser memorável. Se voltaríamos a Londres para repetir? Claro que sim, aliás, só estamos à espera que apareça outro dos nossos filmes favoritos para embarcar nesta viagem.
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