Laura Abreu, estudante portuguesa há um ano numa Universidade em Surrey e que vai passar o primeiro Natal longe de casa, conta-nos que não se habituou à doçaria e aos típicos bolos natalícios de lá. Refere que é ali tradição comer bolos, bolachas e um pudim apelidado de “Trifle”. Também se juntam tartes de carne picada (Mince Pie) e o chá. Mas é claro que o chá não será só às 5h, mas a toda a hora e estará nas mesas natalícias dos ingleses.
Achei curiosas as tradições britânicas: estouram papelotes em forma de rebuçados (crackers). E o jogo consiste em cada pessoa cruzar os braços, usando a mão direita para agarrar um cracker e a mão esquerda para puxar o rebuçado (o cracker) da pessoa que está ao lado. Sem engano e tudo numa espécie de roda familiar! Quando os crackers rebentam, todos ficam ansiosos por ler o que vem no papel. É que é sempre algo cómico e arranca qualquer gargalhada à mesa de Natal. Além da piada escrita, ainda tem brinde: um ‘trinket’ (bugiganga) e uma coroa de papel.
Ora nós temos o nosso bolo-rei e o que lá calhar dentro! Mais curioso achei isto na cultura britânica: o ‘Boxing Day’. É o dia após o Natal reservado ao convívio com outras pessoas que não estiveram na ceia de Natal. Vai desde família a amigos e continua-se a comer, a comer e… a relaxar. É uma espécie de prolongamento da festa e no mesmo dia fique a saber que as pessoas ficam desertas por irem às compras pois está tudo em promoção. Tal como no dia a seguir ao “Thank’s Giving”, nos EUA.
Todavia a Laura não se habituou, ainda, aos costumes gastronómicos natalícios e eu acho que é porque a saudade não deixa. Confessa também que já antecipa a saudade de estar com a sua ‘pequena família’ em sorrisos aconchegantes e marinados pelos doces da avó e da tia, em Portugal! As rabanadas, o arroz doce, os sonhos de abóbora. E sonho é a palavra que se insurge e que fica hoje a pairar neste artigo. Ela diz que vai já combatendo a saudade com mousse de chocolate e enganando o tempo e a miséria emocional da pandemia. Desejamos-te um Natal muito feliz, a ti e a todos os emigrantes que decidirem não vir ou não puderem vir. Voto de 2021: reencontrar-nos-emos! Obrigada a todas as Lauras que têm esta consciência e o sentido da espera.
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