O primeiro-ministro Kausea Natano questionou, à margem da Assembleia Geral da ONU, as conversas "desnecessárias em círculos académicos e diplomáticos sobre a definição de um país à luz do direito internacional".
"A nossa soberania não é negociável", disse à AFP, acrescentando que o seu país trabalhará com a comunidade internacional para "colocar um fim nestas distrações".
Tuvalu é um arquipélago formado por nove ilhas que se elevam a menos de cinco metros acima do nível do mar. Com uma população de 11.000 pessoas, tem uma extensão de terras de apenas 26 quilómetros quadrados, enquanto o seu território marítimo se estende por 800.000 km². É um dos países menos populosos do mundo.
Dois dos seus atóis, representados na bandeira de 11 estrelas, já desapareceram, e até mesmo as regiões mais altas do país podem se tornar inabitáveis a partir de 2100, como resultado da contaminação salina das terras e fontes de água.
A Convenção de Montevideu sobre os Direitos e Deveres dos Estados, de 1933, dispõe que um Estado consiste em um território definido, uma população permanente, um governo e a capacidade de interagir com outros Estados. Se o território for consumido, ou ninguém puder viver do que resta dele, então pelo menos um dos critérios não será mais atendido.
Cerca de 40% da capital Funafuti fica submersa durante as fortes marés, que destroem o cultivo de raízes, incluindo alimentos básicos da ilha, como o taro e a mandioca.
Diante da situação, o país iniciou um Projeto de Adaptação Costeira, que visa recuperar 3,8 km de terra do oceano, além de aterrar os pontos mais vulneráveis do território.
O projeto foi financiado com 34 milhões de euros de ajuda internacional através do Green Climate Fund, e 2,7 milhões de euros do próprio governo de Tuvalu.
Além disso, caso o pior aconteça, Tuvalu está a transferir o património cultural para a esfera digital, no que alguns chamam de modelo "Estados-Nação 2.0".
O país também tem estado na vanguarda de grandes apelos à ação, desde a criação de um imposto global sobre os combustíveis fósseis até à ativação de um fundo de "danos" para compensações climáticas.
Este fundo foi acordado durante as últimas grandes negociações climáticas no Egito, mas ainda não foi cumprido.
Segundo Natano, a situação é grave, e o que acontece com o país pode acontecer em outras regiões do mundo. "Cada vez mais cidadãos do planeta terão de deslocar-se. Usem-nos como modelo para salvar o mundo", disse.
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