Esta é uma das conclusões preliminares do estudo científico intitulado “Contributos para a adaptação do setor do turismo no município do Porto às alterações climáticas através das soluções baseadas na natureza”, realizado por investigadores do Departamento de Geografia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (U.Minho) e a que a Lusa teve hoje acesso.
Segundo o estudo, a Rua de Santa Catarina é uma das artérias “consideradas problemáticas pela falta de arborização e pela necessidade de criar um espaço mais aprazível à manutenção dos turistas e residentes, constituindo-se como um dos principais pontos comerciais da cidade”.
O investigador principal do projeto, Hélder Silva Lopes, professor no Departamento de Geografia do Instituto de Ciências Sociais da U.Minho e investigador do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT) e Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território (IN2PAST), nas áreas da geografia humana e social, ciência cidadã, turismo e a sua conexão com as alterações climáticas, alertou para a necessidade da arborização urbana na Via de Cintura Interna (VCI), ruas Pinto Bessa, Miguel Bombarda, Avenida dos Aliados e Praça da República, além de Santa Catarina.
Também foi referida a área da Maternidade Júlio Dinis.
A par destas áreas identificadas, há estudos anteriores que demonstram a extensão de uma área particularmente vulnerável ao calor extremo, dentro do Planalto Central, que passa por locais como a Praça do Marquês, Jardim de Arca d' Água, Avenida de França e a área a jusante da Lapa.
Neste trabalho foi analisado o período entre 29 de julho e 09 de setembro, com inquéritos por questionário e entrevista a 124 turistas e residentes do Porto, a quem lhes foi pedido para identificarem áreas carentes de “arborização e sombreamento” e que contribuíssem para a melhoria da intervenção dos decisores políticos na definição de estratégias de adaptação do espaço público às alterações climáticas.
Foram auscultados, paralelamente, uma dezena de peritos de várias áreas científicas e técnicas para priorizar os eixos de investigação aplicada ao nível local.
Os resultados preliminares do estudo científico recomendam a “urgência de implementar medidas de adaptação com recurso a soluções baseadas na natureza, como a colocação estratégica de árvores autóctones para mitigar os efeitos das alterações climáticas, designadamente em áreas turísticas da cidade do Porto e melhorar a qualidade de vida dos residentes da cidade”.
Concluiu-se que a integração das soluções baseadas na natureza no planeamento urbano, como a arborização urbana, corredores ecológicos, hortas urbanas ou pisos permeáveis, e a "consideração do território de modo holístico é essencial para encarar os desafios das alterações climáticas”.
A escolha do território de análise recaiu no Porto por ser das “cidades portuguesas mais densamente povoadas, onde o setor do turismo desempenha um relevante papel”.
O estudo defende que é “imperativo implementar medidas que melhorem o conforto e o bem-estar dos residentes e turistas, nomeadamente num quadro em que o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas prevê um aumento dos fenómenos meteorológicos extremos, como se constituem as ondas de calor”.
“Os dados evidenciam a necessidade de reinventar a cidade” e espera-se que o estudo seja um “ponto de partida para a inclusão das soluções baseadas na natureza na formulação de políticas e estratégias de adaptação climática, em Portugal, que priorizem a resiliência e a sustentabilidade urbana e turística”, disse o investigador.
A investigação vai continuar em 2025.
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