Uma ponte pedonal flutuante vai voltar a ligar Alcoutim, no distrito de Faro, e Sanlúcar de Guadiana, na província espanhola de Huelva, no regresso do Festival do Contrabando ao seu formato original, entre 24 e 26 de março.

O festival, que regressa assim às localidades fronteiriças separadas pelo rio Guadiana, inclui a instalação da ponte, que vai permitir de novo a passagem de visitantes entre Portugal e Espanha, recuperando um dos seus elementos “mais simbólicos”, que esteve ausente nos últimos dois anos, assinalou o presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves.

Depois de, em 2021 e 2022, a atividade ter sido mantida de forma ‘online’ e híbrida, os municípios de Sanlúcar e Alcoutim assumem este ano a organização em exclusivo, sem os apoios financeiros que permitiram ao Festival “ganhar dimensão” e constituir-se como uma das "principais ações do ano" para dinamizar um território envelhecido e afetado pela desertificação, disse à Lusa o autarca.

Osvaldo Gonçalves recordou que o Festival foi criado pelo município e pelo programa de dinamização cultural para a época baixa do turismo na região, o Algarve 365, e sublinhou que o final do financiamento atribuído por essa via deixou o Festival do Contrabando sem um dos “progenitores" e com todos os custos da organização sobre os municípios.

“O Festival do Contrabando é e conquistou em pouco tempo um lugar importante no conjunto dos eventos regionais e, em Alcoutim, tem uma enorme relevância porque é o grande evento cultural do ano, ao nível das Festas de Alcoutim, embora com públicos e ambientes diferentes”, afirmou o presidente da autarquia algarvia.

Osvaldo Gonçalves salientou o “papel muito relevante” que o festival tem, depois de ter “nascido através de uma parceria de apoio em que o 365 foi fundamental no seu arranque”, concedendo os apoios financeiros necessários para dinamizar e dar dimensão ao evento.

O autarca lamentou, contudo, que o fim do programa cultural 365 Algarve tenha deixado o festival sem esse apoio e classificou a perda de financiamento como “uma traição”, que espera poder ver corrigida com a concessão de outros apoios que venham a ser criados para o efeito.

“Costumo dizer que os progenitores do Festival de Contrabando são o município de Alcoutim, naturalmente em colaboração com Espanha, e o 365. Sendo filho destes dois progenitores, está muito condicionado, porque tem de sobreviver só com um e isso é mau. Já deixámos esse apelo junto das entidades oficiais e temos a expectativa de que possamos ainda vir a ser agraciados com algum apoio, mas neste momento, de compromisso, não temos nada ainda”, constatou.

Apesar desta perda de financiamento, os municípios de Alcoutim e Sanlúcar mantiveram a aposta no Festival, que vai retomar a normalidade pós-pandemia com “mercadinhos e animação de rua”, mas com “a ponte flutuante como o grande elo de ligação entre as duas margens”.

“Acabamos por ser nós a financiar, mas existe a expectativa de podermos ter algum apoio do Turismo de Portugal e da Região de Turismo”, disse ainda o autarca, que já apelou ao Governo para o financiamento deste evento seja recuperado o mais rápido possível.