"Não aguentamos mais. No ano passado, pensávamos que estávamos a ver o fim de tudo isto, mas agora parece que um monte de variantes diferentes podem surgir", explica Dominique, um parisiense de 35 anos, perto de uma farmácia na Champs -Élysées onde a fila para fazer um teste de COVID parece não ter fim.
Em França, quase 6,2 milhões de testes para o coronavírus foram realizados na semana passada, um recorde desde o início da pandemia, provocado pela preocupação causada pela variante ómicron, que chegou quando muitos achavam que as festas de fim de ano seriam tranquilas.
Turistas e parisienses passeiam pela Champs-Elysées e fazem as últimas compras de Natal. Porém, os fogos de artifício e espetáculos planeados para a véspera de Ano Novo foram cancelados.
Dominique trabalha no bairro, mas vai passar o Natal em Itália, por isso veio fazer um teste devido à quinta onda da pandemia em França: em Paris, um em cada 100 habitantes testou positivo nos últimos sete dias.
É o que aconteceu com "muitos amigos" de Julie Godet, de 28 anos, e Mathieu Alcaide, de 30, que passeiam pelo mercado de Natal. “Uma amiga acabou de apanhar COVID-19, então não poderá passar o Natal com a família. Ela vai ficar confinada no seu pequeno apartamento em Paris. É angustiante”, conta Julie.
Outros amigos deles, embora tenham dado negativo, "estão a confinar antes do Natal para não infectarem os seus avós", afirma Mathieu.
"Reviver um pouco a magia do Natal"
A França, que tem cerca de 90% de sua população com mais de 12 anos vacinada, teve 122 mil mortes pela doença desde o início da pandemia.
Graças a uma lareira, Julie e Mathieu mantêm-se aquecidos mesmo sob temperaturas congelantes perto da roda gigante ao lado do Museu do Louvre.
No mercado natalino, é obrigatório a utilização de máscara e o passaporte sanitário para comer nos espaços interiores e acessar as atrações.
Gilles Rau, de 64 anos, acaba de terminar o pequeno almoço. Rau veio com a família ao mercado para "reviver um pouco a magia do Natal", especialmente com os três netos. O clima é "ótimo, como sempre, de qualquer forma não se pode fazer nada", responde.
Clement Changeur demonstra a mesma sensação de cansaço, após dois anos de pandemia.
"Não dá para ver o fim do túnel. De vez em quando pensa: 'Vai, vamos viver como antes', mas não, não podemos relaxar muito", diz este engenheiro de 28 anos que, por medo do contágio, "não apanha o metro" há um ano e meio.
"Muito stressante"
“A verdade é que não tomei muito cuidado no fim de semana passado”, confessa Clement, que esteve em bares. Por isso, terá que fazer um teste de antigénio antes de passar o Natal com os amigos, além de um teste PCR no dia seguinte para visitar a família.
Clemente considera, porém, que tem “sorte de poder passar as festas sem restrições sanitárias”, quando “vê o (que acontece no) exterior”.
A China impôs estrito confinamento aos 13 milhões de habitantes da cidade de Xi'an. A Holanda confinou o país inteiro. E na Alemanha e na Dinamarca foram aplicadas medidas restritivas menos severas.
Esther, na casa dos quarenta anos, está preocupada porque pretende passar as férias com a família na Alemanha: "E não sei como será na fronteira. É muito stressante."
Por enquanto, tenta não deixar que os filhos se misturem muito com a multidão que se reúne nas lojas de Paris.
A COVID-19 causa stresse pela possibilidade de infecção e pelas viagens, mas também será tema de discussão na mesa de Natal, agora que se inicia em França a vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos.
“Em conjunto com a política e com a educação dos menores", diz Esther. "A desculpa para mais uma taça de champanhe para relaxar o ambiente..."
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