Do terraço da grande casa branca, a belga, que vive na ilha vulcânica das Cíclades há 27 anos, tem uma vista magnífica de toda a caldeira, que nasceu de uma erupção vulcânica por volta de 1600 a.C.

Mais de 11 mil pessoas deixaram Santorini por mar ou ar desde domingo por causa dos inúmeros tremores sísmicos, uma sequência sem precedentes nessa área desde que as medições começaram em 1964, de acordo com dados do Instituto de Geodinâmica do Observatório de Atenas.

Mais de 180 terramotos foram registados diariamente nos últimos três dias, dos quais mais da metade ultrapassou a magnitude 3, sem causar danos.

“A maior parte da casa data de 1720”, explica Metakides enquanto o vento varre as ruas desertas da vila azul e branca de Fira, situada no topo do penhasco vermelho e uma das mais visitadas por turistas de todo o mundo.

“A casa resistiu a terramotos e erupções vulcânicas. Não há razão para que isso mude. Não tenho medo, diz Metakides, que aluga quartos premium com vista para o Mar Egeu.

Panagiotis Hatzigeorgiu está igualmente confiante. “Não temos medo”, exclama o funcionário municipal de 65 anos.

Santorini tem aproximadamente 15.500 residentes permanentes e muitos trabalhadores temporários nos setores de hotelaria, alimentação e construção. A ilha recebe mais de 3 milhões de turistas todos os anos.

Santorini
Santorini O porto velho e a cidade de Fira, em cima do penhasco, em Santorini, Grécia créditos: AFP

Vários sismos continuam a atingir a ilha grega

Uma nova série de terramotos atingiu Santorini entre a noite de quarta-feira e hoje, um deles com magnitude superior a 5,0 na escala de Richter, disseram as autoridades locais.

Estes terramotos aconteceram depois de um sismo de magnitude 5,2 na escala de Richter, o mais forte desde o fim de semana, ter sido registado durante a noite de quarta-feira.

Os especialistas ainda não conseguiram dar uma estimativa definitiva de quando esta atividade sísmica vai terminar, mas insistem que não há precedentes.

Apesar dos últimos tremores sucessivos, "a intensidade está a diminuir, mas ainda não estabilizou", disse o diretor de investigação do Instituto de Geodinâmica de Atenas, Athanassios Ganas, ao canal de televisão público grego ERT.

"Estamos a meio caminho", acrescentou o vice-diretor do mesmo instituto, Vassilis Karastathis, ao canal público.

Santorini
Santorini Oia, Santorini créditos: AFP

O Instituto divulgou hoje que foram registados pelo menos 6.000 tremores na área marítima das ilhas turísticas de Santorini, Amorgos, Anafi e Ios desde 26 de janeiro.

Os especialistas sublinham que a região não registava tamanha atividade sísmica desde que os registos começaram em 1964.

A mundialmente famosa ilha de Santorini está sobre um vulcão que entrou em erupção pela última vez em 1950, mas um comité de especialistas disse na segunda-feira que os tremores atuais "não estão relacionados com atividade vulcânica".

Estes sismos não causaram, até ao momento, danos ou feridos. No entanto, as equipas de resgate foram enviadas para a área como precaução e foram implantados sensores sísmicos adicionais.

O responsável da Autoridade Grega de Planeamento e Proteção Sísmica, Efthymios Lekkas, alertou na quarta-feira que existem cinco áreas em risco de possíveis deslizamentos de terra em Santorini.

As escolas foram encerradas por precaução até sexta-feira em mais de uma dezena de ilhas do arquipélago das Cíclades, no mar Egeu, levando muitas famílias com crianças a abandonarem Santorini até que a situação volte ao normal.

Com AFP e Lusa