Com esta iniciativa, o Museu Tesouro Real quer que todos possam sentir a história e a majestosidade de peças icónicas, tocando-as e explorando-as com as mãos. São seis as réplicas que estão agora ao alcance de todos, nomeadamente a Pepita de Ouro Nativo - "Torrão”, a Coroa Real, a Concha Batismal, a Bandeja que pertenceu à coleção particular de D. Luís I, a Medalha Comemorativa do 20º Ano do Pontificado de Papa Clemente XI e o Prato Coberto "Dos Lados" ou "De Relevé", onde eram servidas sopas e entradas no séc. XVIII.

O museu está encerrado no dia 6 de setembro para que as peças possam ser colocadas na exposição permanente, de acordo com todas as medidas de segurança necessárias, reabrindo ao público no dia seguinte.

Esta iniciativa é um passo significativo na missão de promover a inclusão e a acessibilidade, tornando a cultura e o património acessível a todos.

AS SEIS RÉPLICAS QUE PODEM SER TOCADAS NO MUSEU TESOURO REAL

  • Pepita de ouro nativo – “Torrão”

Conta-se que, na segunda metade do seculo XVIII, em Goias, no Arraial de Agua Quente foi achada uma grande pepita com semelhante peso e que, dada a sua raridade, foi enviada para a Ajuda, em Lisboa. Também conhecida como “torrão”, porventura devido a sua cor e textura, esta pepita, que escapou as invasões napoleónicas, foi, pela sua raridade e por iniciativa de D. Luís I, exibida em 1876 num baile no Paco da Ajuda.

  • Coroa Real

A última e única coroa real que chegou até aos dias de hoje, executada em ouro maciço, pesa quase 2,5 kg. Realizada para a Aclamação do rei D. João VI no Rio de Janeiro, em 1818, no Rio de Janeiro. Foi a última cerimónia de Aclamação da História de Portugal segundo o ritual do Antigo Regime. Desde 1646, que a coroa real foi oferecida simbolicamente a Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, pela proteção concedida na Restauração da Independência de Portugal face a Espanha. A coroa não era colocada na cabeça, na cerimónia da aclamação foi exposta, em cima de uma almofada, na proximidade do trono.

  • Concha Batismal

Nos Batismos reais, as insígnias cerimoniais eram apresentadas e conduzidas em cortejo solene: num prato dourado, a Coroa Imperial em maçapão (a Oferta) e, em duas grandes bandejas douradas, a “Veste Cândida” e o Círio com os quatro “Portugueses” de ouro. Na capela-mor, a prata da Coroa adornava a grande credência onde se encontravam a Bacia Batismal e a Concha. Aí eram colocadas as insígnias trazidas em cortejo. A concha está acompanhada da bacia batismal da Casa Real, que foi usada, provavelmente, a partir do Batismo da futura rainha D. Maria II, no Rio de Janeiro, em 1819.

  • Bandeja

Pertenceu à coleção particular de D. Luís I, que vai seguir a herança de seu pai, D. Fernando II, na paixão pelas artes e pelo colecionismo, ambos formaram importantes coleções onde estava patente o interesse pela ourivesaria. D. Luís formou um acervo menos numeroso quando comparado com o do pai, mas igualmente diversificado, onde sobressaiam vários objetos de produção centro europeia. No Palácio da Ajuda criou um gabinete para expor ao público, junto às importantes alfaias da Coroa e à sua coleção de numismática. A bandeja, em prata cinzelada e dourada, ao centro carrega a alegoria do continente europeu. A deusa Europa é personificada por uma figura feminina apresentada como a rainha do Mundo, ostentando na sua cabeça uma coroa antiga aberta, na sua mão tem um templo de planta circular, aludindo à Europa como berço da cristandade. Está acompanhada de vários elementos, em que se destaca um cavalo, canhão e lanças que simbolizam a sua supremacia na guerra

  • Medalha comemorativa do 20º ano do Pontificado de Papa Clemente XI

A medalha comemorativa do 20º ano do Pontificado de Papa Clemente XI representa uma de muitas ofertas diplomáticas presentes no acervo do Museu do Tesouro Real. A diplomacia teve ao longo dos tempos um pepel determinante nas relações entre Estados, bem como entre Entidades.

A medalha e as moedas aqui presentes são testemunhos das relações diplomáticas entre Portugal e o Papa Clemente XI (1649–1721; Pontificado 1700–1721). Clemente XI, foi o responsável pela Bula In supremo apostolatus, que a 7 de novembro de 1716, vai elevar a Capela Real à alta dignidade de basílica patriarcal, assumindo a invocação à Nossa Senhora da Assunção. A medalha do 20º ano pontificado de Clemente XI (1720), foi cunhada em Roma e alude ao observatório astronómico do Instituto das ciências de Bolonha.

  • Prato coberto «dos lados» ou «de relevé»

Testemunho único dos mais sumptuosos serviços de mesa de representação do século XVIII. A baixela encomendada pelo rei D. José I ao ourives François-Thomas Germain, em junho de 1756, no rescaldo do terramoto, conserva-se quase na integra, no património nacional. Concebida para servir “à francesa” como era uso nas cortes europeias de então, deveria compor sobre o “palco” da mesa, planificados e simétricos, os sucessivos conjuntos de magníficas obras de ourivesaria nas quais eram apresentadas as múltiplas iguarias: as Cobertas. O prato coberto «dos lados» ou «de relevé» compõe a Primeira Coberta, “do Cozido”, onde eram servidas “Sopas”, as “Sopas levantadas” e as Entradas. A tampa em prata fundida, gravada e cinzelada, segue o gosto Rococó, vigente na época, de desenho dinâmico e naturalista. A decoração da tampa é composta por folhas de couve e bagas sobrepostas, em que a sua pega é um tronco torcido.