Enquanto o Brasil enfrenta uma das piores temporadas de queimadas já registadas, a arte brasileira atrai as atenções para a luta ambiental.

Um mural gigante foi inaugurado esta quarta-feira no centro financeiro de São Paulo, capital económica do país. A obra foi pintada com cinzas da Amazónia e de outras áreas desmatadas para o avanço de plantações de soja, como o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pantanal.

Também foi usada lama de localidades do Rio Grande do Sul devastadas pelas enchentes históricas de maio, associadas às mudanças climáticas.

“A arte toca no coração das pessoas”, disse à AFP o artista e ativista Mundano, conhecido pelas suas intervenções de rua a favor de causas sociais e ambientais. “Os números sobre a crise climática foram tão repetidos que a gente nem fica mais chocado. A arte tem esse poder de fazer uma representação disso e provocar as pessoas, empresas e os governos a mudar seus hábitos."

Instalado nas imediações da Avenida Paulista, com quase 1.600 m², o mural é um dos maiores da América Latina, segundo o artista. A imagem retrata a ativista indígena Alessandra Munduruku, que denunciou a empresa Cargill, líder mundial do agronegócio, como uma das principais responsáveis pelo desmatamento no país.

Mundano
Mundano O artista brasileiro Mundano posa em frente ao seu enorme mural de rua feito com cinzas de incêndios florestais e lama de enchentes, em São Paulo, Brasil, em 23 de outubro de 2024 créditos: AFP/Carlos Fabal

Segundo Mundano, 38, o principal objetivo do mural é exigir que a família Cargill cumpra a sua “promessa” de eliminar da sua cadeia de produção até 2025 os produtos provenientes do desmatamento.

Esta semana, o artista de rua e muralista brasileiro Eduardo Kobra fez uma intervenção artística com materiais biodegradáveis em Araçariguama, área do interior de São Paulo devastada pelo fogo, para alertar para a destruição da flora e da fauna.