Uma resolução, que será publicada nos próximos dias no diário oficial, vai aumentar a capacidade de 3.044 para 4.044 pessoas na cidadela de pedra, reconhecida como uma das sete maravilhas do mundo moderno, anunciou o Ministério da Cultura peruano.

"É uma medida temporária que só ficará válida até 31 de dezembro. Se as condições não forem cumpridas, voltamos à capacidade anterior", disse à AFP um funcionário do ministério.

"O importante é cuidar da cidadela e é algo que não vamos descuidar. A missão do Ministério da Cultura é preservar o património", acrescentou.

Imediatamente, o anúncio de um maior número de turistas gerou críticas, inclusive de um ex-chefe da cidadela, o antropólogo Fernando Astete.

"Uma concorrência muito grande sempre cria problemas para a cidadela", analisou Astete, que foi responsável por Machu Picchu durante 20 anos, à AFP.

Lima, Peru | AFP | quarta-feira 07/07/2022 - 00:30 UTC+2 | 382 palavras

A cidadela inca de Machu Picchu, uma joia do turismo no Peru, aumentará em um terço sua capacidade de visitantes para reativar a economia da região andina de Cusco, diminuída pela pandemia, mas a medida gerou críticas nesta quarta-feira (6).

Uma resolução, que será publicada nos próximos dias no diário oficial, vai aumentar a capacidade de 3.044 para 4.044 pessoas na cidadela de pedra, reconhecida como uma das sete maravilhas do mundo moderno, anunciou o Ministério da Cultura peruano.

"É uma medida temporária que só ficará válida até 31 de dezembro. Se as condições não forem cumpridas, voltamos à capacidade anterior", disse à AFP um funcionário do ministério.

"O importante é cuidar da cidadela e é algo que não vamos descuidar. A missão do Ministério da Cultura é preservar o patrimônio", acrescentou.

Imediatamente, o anúncio de um maior número de turistas gerou críticas, inclusive de um ex-chefe da cidadela, o antropólogo Fernando Astete.

"Uma concorrência muito grande sempre cria problemas para a cidadela", analisou Astete, que foi responsável por Machu Picchu por 20 anos, à AFP.

"Espero que tenha sido [tomado] com um estudo técnico e que não seja apenas uma decisão de funcionários. A decisão de mudar deve ser comunicada à UNESCO", acrescentou o antropólogo.

David Ugarte, ex-diretor de Cultura de Cusco, região onde fica a cidadela e antiga capital do império inca, também manifestou desacordo.

"A intenção de aumentar a carga máxima sempre existiu. Isto vem de um mercantilismo selvagem que parte de não entender o que significava a memória histórica de Machu Picchu e que devemos preservar para sempre", disse Ugarte ao jornal La Republica.

Por sua vez, a investigadora Bertha Bermúdez lamentou, em declarações ao jornal El Comercio, que "sempre querem trazer mais e mais turistas" a Machu Picchu.

A cidadela foi construída na época do imperador inca Pachacútec, no século XV e, antes da pandemia de COVID-19, recebia 4.100 visitantes por dia.

Durante 2021, cerca de 447.800 pessoas visitaram a cidadela, longe dos 1,5 milhão que recebeu em 2019, segundo dados oficiais. Em 2020, quando ficou fechada por oito meses devido à pandemia, teve apenas 274.500 visitantes.

No primeiro semestre deste ano, cerca de 400.000 pessoas entraram no local histórico.