"Temos sido considerados muitas coisas: ontem fomos considerados Friendly Destination in the world, agora o desafio é que sejamos o destino mais inclusivo e mais acessível do mundo. O repto que deixo aqui é para que lutemos para que seja também um dos nossos Óscares", afirmou Ana Mendes Godinho, durante a sessão de assinatura de contratos "Turismo Acessível em Portugal", que decorreu no Mosteiro da Batalha, no distrito de Leiria.
À margem do evento, a secretária de Estado salientou que é necessário "priorizar ações para garantir que Portugal é cada vez mais um destino para todos, inclusivo, e que também é reconhecido por isso".
Ana Mendes Godinho lembrou que a tutela está a trabalhar em várias áreas, em articulação com a secretária de Estado da Inclusão, no sentido de "capacitar quer a oferta pública, quer a privada", e apostando na difusão da informação, pois, "muitas vezes, as adaptações são simples, custam pouco e as pessoas só não sabem como fazer".
Os alunos das escolas de turismo passaram a ter um "módulo dedicado ao turismo acessível" e estão a ser difundidos vários filmes de promoção para "promover Portugal como um destino acessível", informou ainda.
Para "acelerar a mudança", foi lançada uma linha de financiamento, estando já 69 projetos aprovados, com 8,5 milhões de euros de incentivo, adiantou a governante.
Hoje, foram assinados os contratos de 11 destes projetos, que representam 2,1 milhões de euros de investimento e 1,7 milhões de euros de incentivo.
Ana Mendes Godinho revelou ainda a parceria que existe entre o Turismo de Portugal e a Fundação Vodafone para a 'app' "Tur4all", com "informação sobre a oferta acessível que existe em Portugal, precisamente para Portugal se posicionar cada vez mais internacionalmente como um destino inclusivo".
Para a secretária de Estado do Turismo, "quem perder este comboio, perde a carruagem". Um recado dirigido aos empresários, pois "há muito a fazer a nível de adaptação, nomeadamente dos espaços privados, dos hotéis, dos restaurantes e há aqui uma oportunidade de um mercado de milhões".
"Se queremos garantir que conseguimos atingir os mercados que gastam mais, temos que ser também inteligentes em preparar a nossa oferta para tal. Portanto, desafio os nossos hotéis e empresas turísticas a se adaptarem rapidamente para não perderem o comboio", sublinhou.
A secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, lembrou que "só na Europa existem cerca de 90 milhões de turistas com necessidades específicas de mobilidade".
"Isto é mercado. Quem não fizer esta aposta, vai perder este setor, um setor que gasta mais, que fica mais e que volta mais", frisou.
Segundo Ana Sofia Antunes, o turismo "está a ser a porta que se está a abrir e a ajudar a fazer esta sensibilização até junto de outras áreas governativas para a necessidade que existe de investir nestas questões noutros setores", nomeadamente em "espaços públicos e serviços públicos".
Esta governante afirmou que "quando se começa a trabalhar para uma população com necessidades específicas ou com deficiência, acaba-se por facilitar a vida e trazer uma série de turistas que poderiam não vir, ou não vir tanto, por terem idades mais avançadas".
Ana Sofia Antunes sublinhou que a acessibilidade não se destina apenas a pessoas com deficiência, mas também para pessoas com "incapacidades associadas à idade".
"Quando estamos a criar acessibilidades nos espaços culturais, estamos também a trazer os turistas internos, aqueles que vivem cá e que se calhar nunca cá vieram, estamos a promover contágio, quando, por exemplo, o restaurante A se decide adaptar e por necessidade de acompanhar este movimento os restantes restaurantes do sítio vão também criar essa mesma acessibilidade porque não querem nem podem ficar atrás", acrescentou.
Hoje, foram assinados 11 projetos de turismo acessível, financiados pela Linha de Apoio ao Turismo Acessível do Programa Valorizar. Entre os contemplados estão os melhoramentos das acessibilidades no Mosteiro da Batalha, Convento de Cristo (Tomar), Palácio Nacional de Mafra e a sua Basílica, Castelo de São Jorge e Cinema São Jorge (Lisboa), área visitável da Tapada Nacional de Mafra, no Vila Galé e Campus Arqueológico de Oliveira do Hospital (Bobadela).
Programas acessíveis para o Caminho de Santiago, a reconversão do Museu Etnográfico e Posto de Turismo da Praia de Mira, comunicação acessível e inclusiva no Convento de Cristo, Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro da Batalha, Museu Nacional Machado de Castro (Coimbra) e Palácio de Mafra, instalação de equipamentos interativos de informação turística com conteúdos digitais acessíveis nas cidades de Ourém e Fátima e aquisição de autocarros que possam transportar pessoas em cadeiras de rodas foram outros dos projetos contemplados.
Fonte: Lusa
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