"Os museus não são neutros", afirmou em junho o Conselho Internacional dos Museus (ICOM), composto por quase 30.000 membros. Os museus "têm a responsabilidade e o dever de combater a injustiça racial [...], desde as histórias que contam até a diversidade da sua equipa".
Após a morte de George Floyd nos Estados Unidos em maio deste ano, asfixiado por um policia branco, o movimento "Black Lives Matter" apelou a várias instituições, especialmente culturais, para exigir uma mudança e uma melhor representação.
O Metropolitan e o MoMa de Nova Iorque expressaram a "sua solidariedade com a comunidade negra". No Reino Unido, o British Museum, num ato simbólico, retirou do seu pedestal o busto de Hans Sloane, fundador do museu, que enriqueceu graças ao tráfico de escravos, e agora o expõe numa vitrine.
Na França, as reações foram mais tímidas e o debate foi protagonizado pela questão da remoção das estátuas. Isso "destaca a dificuldade da França de enfrentar o seu passado colonial", considerou Françoise Vergès, cientista política e presidente da associação "Descolonizar as artes".
Espelho da sociedade
O Museu do Louvre não se pronunciou publicamente sobre o movimento "Black Lives Matter", mas a sua direção garantiu que "aborda[va] as problemáticas e os desafios contemporâneos".
Nas galerias de arte, como a 59 Rivoli, o apoio ao movimento antirracista não deixa dúvidas, já que exibiram uma faixa com o slogan "Black Lives Matter" na sua fachada, no coração de Paris. Uma iniciativa que não teria ocorrido sem a presença de uma jovem artista, ela mesma vítima de discriminações raciais, segundo um dos fundadores do local, Gaspard Delanöe.
"Os museus são espelhos da sociedade. Se nesse espelho não se vê nenhuma diversidade, então temos um problema", considerou Delanöe, que defende uma política de diversidade para descobrir novos artistas.
"A sociedade move-se muito mais rápido do que as instituições, que mantêm uma atitude relutante em relação a este movimento", afirmou Françoise Vergès, que recentemente colecionou testemunhos de bailarinos da Ópera de Paris, "outra fortaleza" cultural à qual pediram que quebre o seu silêncio sobre as questões de racismo.
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