“Queremos preservar as memórias dos nossos antepassados e (…) não perder essa marca identitária do nosso território”, afirmou António Henriques, destacando que se trata de um museu do saber fazer.

O museu vai ser instalado na “antiga fábrica do barrete”, na localidade das Sarnadas, imóvel que a autarquia adquiriu há muitos anos e que possui equipamentos, incluindo teares ou pisões, que “ainda funcionam” e que o município quer “proteger, reconverter, reconstruir”, adiantou António Henriques.

“Este espaço tem todo o equipamento para fazer o museu”, assegurou.

O autarca explicou que, neste momento, decorre a fase de contratação do projeto de execução.

“Estes projetos são sempre precedidos de um plano museológico. Estamos a trabalhar em parceria com a Direção Regional da Cultura do Centro e vamos trabalhar com a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade de Coimbra, com uma equipa liderada pela doutora Fernanda Rolo, para a concretização deste plano museológico e um plano de salvaguarda do nosso património industrial”, precisou.

Admitindo que “estes processos são sempre longos”, o presidente da Câmara de Castanheira de Pera apontou que uma “perspetiva mais ambiciosa seria um projeto a dois anos”, mas reconheceu que “poderá demorar mais algum tempo”.

O autarca acrescentou que, atualmente, só há uma unidade no concelho a produzir os tradicionais barretes de lã, a Jotav, e disse temer que esta atividade desapareça.

“Por isso, é esta dinamização, este investimento público. O objetivo é não perder o saber fazer”, declarou, esperando no futuro que “as pessoas possam olhar para estes produtos artesanais de forma completamente diferente”.

De acordo com António Henriques, a estimativa de custos para a concretização deste investimento é de meio milhão de euros.

Segundo o sítio na Internet da Jotav, de José Augusto Tavares de Jesus, “existe o barrete preto e o barrete verde, sendo que o primeiro “era usado pelas pessoas que trabalhavam no campo e pelos pescadores de toda a beira litoral”.

“Além de servir de agasalho, servia também de algibeira para guardar o tabaco, fósforos e dinheiro, mantendo-os assim no fundo do seu forro sem apanhar humidade, justificando desta forma o seu comprimento”, refere a mesma fonte, assinalando que “esta tradição ainda hoje é representada no folclore português”.

Já “o barrete verde tem a mesma finalidade, embora só era e ainda é usado pelos campinos e forcados do Ribatejo”, esclarece a Jotav.

Durante décadas, a economia do concelho de Castanheira de Pera assentou na indústria de lanifícios. Mas, a partir de 1980, esta atividade económica “começou a atravessar uma grave crise, que levou ao encerramento de várias fábricas”, segundo a Câmara Municipal.

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