Texto por Olga Cardoso Pinto
As duas maiores Feiras do Livro do país ainda decorrem e já por aí se leem muitos posts sobre este acontecimento. Quem, tal como eu, teve a oportunidade de visitar as duas - a da capital, no bonito Parque Eduardo VII e a do Porto, nos magníficos jardins do Palácio de Cristal - repara sem esforço na enorme multidão de visitantes e compradores que pululam nos stands, nas animações e eventos que vão decorrendo, nas sessões de autógrafos, nos lançamentos e mesmo nos "comes e bebes" que amaciam os estômagos e os ânimos. Claro está que a Feira do Livro de Lisboa, maior em dimensão e em participantes é um portento - com a bela calçada portuguesa ladeada de cor, risos, conversas e letras - todas elas incrustadas num jardim fresco e relaxante onde nos podemos retirar para ler a nossa mais recente aquisição livresca.
A Feira do Livro do Porto é mais intimista, não só pelas belas paisagens que a circundam como também pelos espetáculos e pela grande quantidade de pequenas editoras e alfarrabistas, parecendo um postal de boas-vindas até para o mais breve visitante. Denota-se, com pena, a ausência de algumas editoras o que torna o cenário incompleto para uma feira que se quer abrangente. De ressalvar que a Feira este ano homenageia a grande poetisa Ana Luísa Amaral, falecida em agosto deste ano. Pela sua memória habita no jardim a 9ª tília que à escritora é dedicada.
Na FLL conheci pessoalmente o Luís Ferreira, o escritor-caminhante dos Caminhos de Santiago que tanto gostaria de percorrer, dele trouxe o autógrafo e um dos seus livros que anseio ler "Porque caminhas?". Estive à conversa com o Rui Couceiro sobre o seu mais recente livro "Baiôa sem data para morrer", obra em leitura da Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal da Maia. Tive o privilégio de conhecer e trazer para casa o seu autógrafo n'O Último Conjurado, um romance histórico que promete de Isabel Ricardo. Visitei a Andreia Salgueiro da Alfarroba com tantos livros lindos para ler e encantar, e trouxe um muito bonito sobre uma joaninha "Uma joaninha sem pintas" de Alda Palmeiro e Marta Sequeira.
Na FLP visitei bons stands com ótimas literaturas, como é o caso da Dinalivro, gosto bastante dos seus livros sobre arte e também de literatura infantil: trouxe um livro de atividades para a Benedita "Cães e Cãezinhos". E para minha grande alegria encontrei, na E-Primatur, "A Loja de Antiguidades" de Charles Dickens, vou reler com muita satisfação esta obra-prima que tanto adorei em criança, e que será a minha leitura de inverno. E como a Feira ainda não acabou, quem sabe o que virá...
É bom ver as Feiras cheias de gente que adquire livros, que lê, que os oferece; é bom ver crianças que se deleitam de livros coloridos nas pequenas mãos, ansiosas por conhecer as estórias e personagens partilhando com a família um pormenor ou uma graça. É bom ver a azáfama à volta dos livros, os sons e os cheiros de livros velhos e usados, e dos novos. É bom voltar a casa e folhear em descanso as próximas leituras, apreciar a torre (grande ou pequena) das próximas companhias de outono envoltas numa manta e servidas com chá.
A Olga Cardoso Pinto escreve e ilustra "com coração" as suas histórias no blog A Cor da Escrita, onde este texto foi originalmente publicado. Publicou recentemente o seu primeiro livro infantil ilustrado, O Ministério das Criaturas Fantásticas.
Comentários