Na ementa do polémico ex-titular da pasta da Economia, que deixou o Governo há cerca de duas semanas para preparar a candidatura à presidência da República, não falta o presunto pata negra e um copo de vinho do Douro.
"Podemos falar de Emmanuel Macron que é mesmo um amigo. [Vem] mais em busca do presunto português ou espanhol, pata negra, dos produtos italianos e de um bom copo de vinho português do Douro. [Vem] há mais de 12 anos", contou à Lusa José da Rosa, o fundador das "épicerie-cantine" Da Rosa, uma espécie de ‘cantina gourmet'.
De acordo com José Da Rosa, a lista dos clientes "famosos" é extensa, destacando o realizador Luc Besson, os atores Léa Seydoux, Jean Dujardin, Marion Cotillard, Vincent Lindon, Kad Merad, Jamel Debbouze, Fabrice Luchini, Gilles Lellouche, Lambert Wilson, Omar Sy, o cantor Patrick Bruel ou o ex-futebolista Bixente Lizarazu.
José da Rosa, de 51 anos, foi para Paris com seis anos, formou-se em hotelaria, foi diretor da Mariages Frères, "uma das maiores casas de chá em França", e abriu uma "épicerie-cantine" em 2002, no bairro de Saint-Germain-des-Prés, em Paris.
Dez anos depois, abriu outro restaurante perto da Place Vendôme e do Museu do Louvre, "dois ou três ‘coffee-shop' efémeros" e, no final de 2014, um atelier de preparação de pratos e de degustações no 11.º bairro de Paris.
Segundo o restaurador, foram precisos "mais de 25, 30 anos à procura de produtores" para encontrar os produtos de mercearia fina que agora contam com a etiqueta Da Rosa na embalagem e que são fabricados essencialmente por pequenos produtores em Espanha, Itália e Portugal.
"É a filosofia da maneira de selecionar o produto (…) Eu prefiro fazer quantidades mais pequenas na produção, mas a qualidade tem que estar sempre ao nível. É esse produto que a gente vende aos grandes ‘chefs’ e se a gente não está ao nível, o ‘chef’ chama-me e diz-me: ‘Podes levar, mete no lixo'", descreveu.
A minuciosa seleção Da Rosa conta, por exemplo, com presunto ibérico de bellota, caviar, salmão fumado, butarga, azeite, vinagre, vinho, conservas de sardinha e de ‘foie-gras' e foi aprovada por vários ‘chefs’ Michelin como Joël Robuchon - conhecido como o ‘chef’ francês com mais estrelas Michelin do mundo - Alain Ducasse, Guy Savoie, Hélène Darroze, Cyril Lignac ou Yannick Alléno.
Ainda que a proveniência dos produtos seja essencialmente mediterrânica, José da Rosa gosta de combinar sabores como uma "massa de farinha de arroz japonesa sem glúten preparada à maneira italiana com umas azeitonas", queijo burrata com butarga ou risotto da rosa com arroz "carnaroli", presunto "bellota" e parmesão.
O restaurador tem hoje fornecedores portugueses de carne de porco preto, bacalhau, atum, azeite, vinho, azeitonas ou queijo e foi graças a eles que se reconciliou com os sabores do país natal porque a qualidade não estava presente "há 20, 25 anos".
José da Rosa criou mesmo a sua própria receita de pastéis de bacalhau, com a ajuda de um ‘chef’ italiano com duas estrelas Michelin, Giuliano Sperandio, e também fabricou "durante três anos os próprios pastéis" de nata, os "pastéis Da Rosa".
O próximo passo é exportar para Portugal as suas "epiceries-cantine", nomeadamente para Lisboa, Porto e Algarve e montar um projeto de "turismo rural gourmet" no Alentejo, com ateliers de cozinha animados por ‘chefs’ franceses e produção do seu próprio vinho e azeite.
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