"Se morrermos é por problemas económicos", admitiu esta sexta-feira, dia 18, Marco Paolini, gerente do célebre e sofisticado estabelecimento veneziano, que completa este mês três séculos, durante uma conferência de imprensa online com a imprensa estrangeira.
"O Caffè Florian irá encerrar se não tiver as condições técnicas e económicas para continuar aberto", alertou.
Assim como o Florian, na Praça de São Marcos, conhecido pela ornamentação romântica, medalhões, alegorias e concertos ao ar livre, outros cafés históricos venezianos tiveram que fechar as portas, como o Caffè Quadri, o Caffè Lavena e o Caffè Todaro.
"A COVID atingiu o tecido turístico e cultural italiano. Veneza está de joelhos", lamentou Paolini.
A cidade, que já tinha sofrido um revés importante quando as marés alcançaram níveis históricos, em novembro de 2019, causando graves inundações, começava a recuperar quando o novo coronavírus começou a espalhar-se pela Europa, acertando-lhe um duro golpe.
Desde então, a ausência de turistas, principal fonte de rendimento da cidade, transformou Veneza numa cidade fantasma e a mergulhou num dos anos mais sombrios da sua história recente.
"Denunciamos a miopia do Etado. Veneza está fechada. Todas as lojas da praça de São Marcos estão encerradas. Temos que pagar alugueres milionários, parte ao Estado e parte aos particulares. Os particulares reduziram-nos em 70%, enquanto que o Estado e o governo, não. Querem 100% do pagamento do aluguer!", protestou Paolini.
Fundado no dia 29 de dezembro de 1720 por Floriano Francesconi, o Caffè Florian teve entre os seus clientes personalidades como Gabriele d'Anunzio, Giacomo Casanova, Richard Wagner, Stendhal, Johann Goethe, Percy Shelley, Lorde Byron, Marcel Proust, Charles Dickens, Friedrich Nietzsche, Charles Chaplin, Andy Warhol e Jean Cocteau, entre muitos outros.
Fechado pela República Veneciana por ser um ponto de encontro dos jacobinos após a Revolução Francesa, nas suas mesas conspiraram os patriotas venezianos que enfrentaram o Império Austríaco em 1848.
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