Não importa o destino, não importa se é longe ou perto, se é a viagem de um fim de semana ou a viagem de uma vida. Ir é prémio para o corpo, remédio para a alma. Ir para um lugar desconhecido é abrir portas à aventura, seja ela qual for, abrir caminho para o inesperado, para a surpresa, é dar liberdade a uma página que está em branco para que esta se preencha sem que necessitemos de controlar a caneta.

Viajar faz bem. Ninguém duvida. Dizem que pode prevenir e até curar doenças, dizem que rejuvenesce, dizem que nos torna mais humildes, que nos dá mais resiliência e paciência. Dizem que somos mais felizes.

Desde criança que sonho em conhecer mundo. Muito à conta de não o ter feito com os meus pais - que nunca andaram de avião e o mais longe que foram foi a Gibraltar - sempre senti fascínio por locais distantes, por paisagens arrebatadoras, por culturas exóticas. Sempre senti uma curiosidade imensa de ver de perto, de conhecer, de apreciar, de provar, de tocar. E este distante pode não ser assim tão longe. Basta que fique fora da minha zona geográfica. Tudo o que está para lá do meu horizonte.

São Miguel, Açores
São Miguel, Açores créditos: Starting Today

Depois de ter começado a viajar e a percorrer algum mundo, percebi que há tanto e muito mais para ver, que somos todos diferentes e que somos todos únicos. E é esta multiplicidade de realidades, de pessoas, de hábitos, de culturas, de formas de ver o mundo que me apaixona a cada viagem.

Quanto mais viajo, mais me apercebo do pouco que sei e do tanto que tenho para aprender. E, muitas vezes, com povos que têm pouco e que são felizes com esse pouco que têm. São alegres na sua pobreza. São ricos na sua forma simples de ver o mundo. Quanto mais viajo, mais quero viajar. É algo que faz parte de mim, que me alimenta, que desperta a energia que há em mim.

A viagem, seja ela qual for, começa muito antes na minha cabeça. Pode começar com um filme, um documentário, uma série, um testemunho de um amigo, uma reportagem numa revista. A partir daí, tento reunir alguma informação, a necessária, para ir sem grande surpresas, como a língua, a moeda, a cultura e a religião. Anoto alguns dos locais mais interessantes para conhecer, embora, muitas vezes, quando se está lá, os planos sejam alterados. Há lugares onde não consigo ir e há outros que vêm como prémios. Muitas vezes, estes acabam por se tornar as experiências mais ricas de toda a viagem.

A expectativa cresce à medida que conto os dias para a partida. Até que chega a hora. E começam a materializar-se os caminhos que antes só existiam na minha imaginação. Tento não traçar grandes planos, uma vez que as viagens vivem muito do inesperado e de situações imprevisíveis, mas é inevitável sonhar.

Tailândia
Tailândia créditos: Starting Today

Com o tempo, aprendemos a fazer uma mala com o indispensável. É curioso como necessitamos de tantas coisas no nosso dia a dia e de tão pouco quando estamos de viagem. De viagem para viagem, a minha mala fica mais leve. As roupas são práticas e casuais, o calçado desportivo, os produtos de higiene pessoal são, sempre que possível, em miniatura para reduzir o peso.

O durante é intenso, é vivido no momento, é aproveitado ao máximo, tendo em conta que aqueles dias têm um fim demasiado próximo, que passa demasiado depressa. Mas o durante também passa devagar porque é devagar que conseguimos sentir o lugar, despertar todos os sentidos, absorver as energias, aprender. Para mais tarde voltar a viver e a lembrar e a continuar a aprender.

Regressar é o culminar de uma história, de uma parte da vida que se viveu ao rubro e que vai ficar gravada naquele que é o nosso caminho. Regressar é voltar a pôr pés no chão depois de termos levitado, saltado, voado. É voltar a pôr as ideias em ordem, os pensamentos no lugar, é tomar consciência das aprendizagens, é crescer, perceber que a viagem nos mudou. Nunca voltamos a ser quem éramos depois de uma viagem.

Mudamos para melhor, acredito. Evoluímos. Sentimo-nos mais ricos porque mais despertos para os outros e para as diferenças. Sentimo-nos mais parte do mundo, uma peça, pequena, mas importante, na engrenagem das muitas vidas que se cruzam com a nossa. Partilhamos. Damos muito, pois estamos disponíveis, mas recebemos muito mais.

Maurícias
Maurícias créditos: Starting Today

Por Helena Simão, blogger do Starting Today

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