Há uma semana, soaram os alarmes: foi descoberta uma nova variante do SARS-CoV-2. A notícia veio da África do Sul, uma vez que a descoberta foi feita por um grupo de cientistas deste país que, rapidamente, informou o mundo.
Seguiu-se uma reação generalizada de pânico, com a Europa, a meio de uma quarta vaga com milhares de casos diários, a proibir voos de países do sul de África (África do Sul, Botsuana, Essuatini, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbabué).
Como um dominó em queda, o resto do mundo também começou a fechar as portas à variante Omicron, mesmo com os apelos de bom senso da Organização Mundial de Saúde que prefere uma "abordagem científica, baseada nos riscos". E, naquele momento, os riscos e as consequências da Omicron ainda não eram conhecidos.
Sabe-se, agora, que a Omicron entrou para o grupo de "variantes de preocupação" da OMS pois, apesar de causar sintomas leves, é muito contagiosa, desconhecendo-se ainda qual é a sua resistência às vacinas. Este grupo de preocupação é formado por mais quatro variantes: Delta, Alpha, Gamma e Beta.
Com dois anos de pandemia em cima e muitas variantes pelo meio, foi precipitada e até vergonhosa esta reação mundial de isolar vários países da África austral onde foram sendo detetados casos da Omicron, principalmente numa fase em que ainda não se sabia ao certo onde tinha sido a sua origem.
Esta reação só serviu para lançar o pânico, comprometer ainda mais o setor do turismo que começava agora uma recuperação tímida e isolar países do continente mais prejudicado a nível de vacinação. E mais prejudicado em muitos outros aspetos, como toda a gente sabe.
De facto, é mais fácil suspender ligações aéreas com certas partes do mundo ou encerrar fronteiras na totalidade (como alguns países, entretanto, fizeram) do que apostar num sistema robusto de testagem e controlo de entradas que, ao longo da pandemia, foi abrandando.
Se todo este aparato tivesse resultado, ainda podíamos aqui dizer que foi necessário e sensato. Mas não. Como cogumelos no outono, a nova variante foi sendo detetada noutros continentes. No início desta semana, a Holanda confirmou que a Omicron já circulava no país antes de ter sido detetada na África do Sul. Neste momento, este é o ponto de situação da nova variante.
O mundo fechou as portas à Omicron, mas ela já tinha entrado pelas janelas. Resta saber qual será a próxima variante a surgir e como vai ser a reação, sabendo, desde já, que também numa pandemia o mundo avança em ritmos diferentes.
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