“Apesar das competências técnicas, como as habilidades informáticas ou os conhecimentos de vários idiomas, serem importantes, as ‘soft skills’ acabam por ser as mais importantes para os diretores de ‘hostels’ da cidade do Porto”, afirmou hoje Susana Pereira da Silva, orientadora da investigação “Importância da qualificação dos recursos humanos no Turismo – Caso dos hostels da cidade do Porto”, realizada por Ana Marques no âmbito da sua tese de mestrado, a que a Lusa teve acesso.

O estudo qualitativo, realizado a 10 diretores de ‘hostels’ do Porto, teve com objetivo perceber as competências mais valorizadas por aqueles hoteleiros quando selecionam os seus colaboradores.

Susana Pereira da Silva destacou a “polivalência”, a “empatia” e o “gostar do que se faz” como características eleitas por todos os entrevistados no estudo.

A valorização das ‘soft skills’ em detrimento das competências técnicas, como as habilidades informáticas, conhecimentos de idiomas, geografia e história, são a conclusão principal do trabalho, “até porque vai contra o que a literatura vem dizendo sobre a supervalorização das competências técnicas”, refere aquela especialista.

A polivalência assume um “relevo importante no ‘hostel’ devido ao ambiente familiar (…). O profissional deve estar habilitado a fazer tudo, como camas, receção e bar”, refere o estudo, salientando a importância da empatia “no trato do turista” através da “compreensão das suas necessidades”.

Alguns dos entrevistados não consideram a “formação em turismo um atributo chave para se trabalhar em ambiente de ‘hostel’” e alguns dos gestores daqueles estabelecimentos exigem apenas aos seus colaboradores “requisitos mínimos”, ou seja, “gosto pelo trabalho”, “empatia” e “polivalência”, lê-se no estudo.

No âmbito das competências técnicas, os diretores, com idades compreendidas entre os 24 e os 47 anos, valorizam preferencialmente as habilidades informáticas, designadamente “um bom manuseamento das redes sociais”, utilização de programas de ‘software’ específicos dos alojamentos locais (AL) e tratamento das reservas.

É necessário que os novos colaboradores disponham de habilidades informáticas “para se moldarem ao novo mercado, cuja inovação dos serviços é cada vez maior”, acrescenta o estudo, destacando também os “conhecimentos hoteleiros”, “idiomas”, “geografia” e “história da cidade no qual o AL está inserido” são outras valências valorizadas.

No campo das “Tendências” é destacada a “adaptação ao mercado” dos trabalhadores para que conheçam as necessidades e exigências atuais dos turistas, para que possam implementar novos serviços, experiências e formas de atendimento, de forma a superar as expectativas dos hóspedes.

O estudo concluiu que existem “algumas lacunas que precisam ser colmatadas”, tais como a “crescente necessidade de recursos humanos formados a nível educacional” e ao “nível transversal” (‘soft skills’).

O estudo refere que foi possível compreender que a maioria dos ‘hostels’ estão direcionados para a adaptação das tendências, criando “experiências enriquecedoras e inovadoras”.

Os ‘hostels’ do Porto que participaram no estudo têm incutido a “inovação de ativos tecnológicos como forma de melhorar a produtividade e o serviço prestado, tornando-o mais eficiente”.

Na tabela do estudo sobre “Dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico por localização geográfica e local de residência anual”, vê-se que o Norte, com 4.037 mil dormidas, e o Algarve, com 4.797 mil, foram as duas regiões de Portugal que registaram o número de dormidas mais elevado em 2018.

Lisboa registou 3.736 mil dormidas em 2018. No total, Portugal registou 19.889 676 dormidas.

A tabela sobre a “Evolução do número de estalagens por localização geográfica” indica que, em 2017, o Norte registava 4.892.605 estalagens, um valor apenas ultrapassado por Lisboa (7.135.483).