É difícil responder a esta questão com exatidão, uma vez que a resposta se encontra “perdida” há muitos séculos atrás, mais precisamente na altura em que a Península Ibérica ia sendo conquistada aos mouros.
No entanto, muitas fontes apontam o Castelo de Montemor-o-Velho como sendo o mais antigo de Portugal.
“Dominante sobre o vale onde corre o Mondego, com campos de arrozais a perder de vista, a vila de Montemor-o-Velho está coroada pelo seu imponente castelo, a principal fortaleza do Baixo Mondego na época medieval”, conta-nos este artigo.
De acordo com outro artigo, “as primeiras referências a este castelo e respetiva povoação datam do século IX, altura em que Ramiro I das Astúrias e o seu tio, o abade João do Mosteiro do Lorvão, o conquistaram (mais concretamente, em 848)”.
Contudo, em 990, o califa Almançor tomou o castelo, levantando uma fortificação islâmica, com mesquita. O castelo volta a ser conquistado em 1006, por Mendo Luz. Em 1088 ou 1095, foi reedificado por Afonso VI de Castela.
Em 1064, com a conquista de Coimbra, Montemor-o-Velho passou em definitivo para as mãos dos cristãos, e terá sido Afonso VI de Castela que reedificou a estrutura defensiva. Na mesma época, foi fundada dentro das muralhas a Igreja de Santa Maria da Alcáçova, muitas vezes reedificada nos séculos que se seguiram.
“Em 1109, D. Teresa e seu filho, D. Afonso Henriques, teriam ordenado novas reformas no castelo”, indica-nos a explicação no site da câmara municipal de Montemor-o-Velho.
Com D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, e D. Sancho I, o seu sucessor, a estrutura da fortaleza seria reforçada, uma vez que Montemor manteve a sua importância geoestratégica depois da independência.
Montemor foi, historicamente, terra de infantados, primeiro de D. Teresa (filha de D. Sancho I), depois de D. Afonso IV (1322) e também de D. Pedro, Duque de Coimbra (1416).
O paço do castelo foi remodelado por ordem das infantas Teresa e Mafalda, que o transformaram num típico paço senhorial. A fortaleza viria a ser objeto de inúmeras disputas nos séculos seguintes. D. Afonso II discordou do testamento no qual seu pai doara o castelo às infantas suas irmãs, Teresa e Mafalda, e só a intervenção papal sanou a discórdia.
Mais tarde, viria a estar no centro de novas contendas, primeiro entre Sancho II e Afonso III, depois nas lutas entre o príncipe D. Afonso e o seu pai, o rei D. Dinis. Devido à sua preponderância militar no espaço nacional, o regente D. Pedro fez dele o seu paço pessoal.
Foi também dentro das muralhas do castelo que o destino de Inês de Castro foi decidido. Em 1355, o rei Afonso IV se reuniu com os seus conselheiros para debaterem o perigo que constituía para a política portuguesa a união do infante D. Pedro com Inês de Castro. Depois deste encontro, a morte de Inês ficou decida, tendo sido concretizada dias depois no Paço de Santa Clara, em Coimbra.
A importância militar e estratégica deste castelo manteve-se ao longo dos séculos seguintes, afirmando-se que as suas grandes dimensões permitiam aquartelar até cinco mil homens de armas. O seu comando foi sempre exercido por figuras de destaque da nobreza de Portugal.
Durante as Guerras Peninsulares, no século XIX, o local foi ocupado pelas tropas de Napoleão, tendo sido, depois, aquando da retirada das tropas, depredado e saqueado, assim como o resto da vila.
Com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal (1834), o seu pátio de armas passou a ser utilizado como cemitério da vila. Nesta fase registou-se o reaproveitamento de suas pedras pela população local.
O Castelo de Montemor-o-Velho e a Igreja de Santa Maria da Alcáçova foram classificados, em 1910, como Monumento Nacional.
Visitar o Castelo de Montemor-o-Velho é fazer uma verdadeira viagem pela história de Portugal. Passear pelas suas muralhas e contemplar os campos de arroz do Mondego no horizonte é como entrar num túnel do tempo.
Não se pode dizer com exatidão se este é o castelo mais antigo de Portugal, mas é, sem dúvida, um lugar que carrega séculos de história.
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